Ativistas dos direitos humanos na região de Gabú, no leste da Guiné-Bissau, dizem que 16 prisioneiros da única cela da esquadra local estão sem alimentação há mais de duas semanas.
Uma situação à qual se acrescentam as péssimas condições habitacionais em que se encontram aqueles presos.
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) para a Região de Gabú, fala de uma situação “lamentável”.
"Muitos prisioneiros não têm familiares que lhes levem a alimentação. Apenas é a Polícia que faz o gesto [dar alimentação], mas o Estado é quem deve dar alimentação aos prisioneiros, pois é um direito. Estão lá, mas em termos de alimentação estão muito carentes", afirma Samba Só.
Contatada pela Voz de América, a governadora da Região de Gabú, Elisa Pinto Tavares, justifica assim a falta de alimentação para os reclusos da única cela da esquadra local.
"Tem a ver com a demora do envio de géneros para o Comissariado da Polícia de Ordem Pública e setor de segurança de Gabú, são eles que fornecem alimentação aos reclusos", diz Tavares, quem assegura que a situação já foi resolvida, depois de uma vista que a mesma fez aos prisioneiros.
"Minimamente já estão a ter a alimentação", conclui a governadora.
Entretanto, o ativista social Djibril Bodjam, que há dias visitou os prisioneiros, diz que outro problema radica na "única cela onde estão presas as pessoas que têm contas com as autoridades policiais e judiciais".
"Independentemente de não terem a alimentação, a cela não está em condições, dado ao elevado grau de temperatura, é uma prisão que não dá para um ser humano viver", reforça Bodjan.
Samba Só, responsável da LGDH na Região de Gabú, reforça que é simplesmente uma cela de um quarto.
"Assim é desde a independência até hoje. Os prisioneiros ficam lá sem mínimas condições humanas. Neste momento, a cela não tem uma casa de banho, não tem água e a mesma está muito apertada. Imagine uma cela de quatro metros quadrados para 10 a 16 pessoas. É desumano", conclui aquele ativista.