Cinco anos se passaram desde que 17 ativistas angolanos foram detidos quando liam um livro sobre ditadura e foram acusados de tentativa de golpe de Estado contra o antigo Presidente José Eduardo dos Santos.
Em conversa com a VOA, alguns deles dizem que nada mudou no país desde entáo e apontam o dedo ao Presidente, MPLA oposição e sociedade civil.
O mesmo cenário que se verificava antes da detenção em Junho de 2015 mantém-se inalteravel, diz Osvaldo Caholo o único militar do grupo que passou um ano na cadeia.
“O demónio que nos apoquentava continua o mesmo, o problema nem era José Eduardo dos Santos, era o MPLA todo que em meu entender deve ser banido e com ele a própria oposição e as organizações da sociedade civil que fazem parte do jogo de vender as almas do povo angolano, João Lourenço, o presidente, é uma espécie de um remendo novo, por cima de um tecido antigo ou seja a mesma coisa”, denunciou Caholo para quem “a oposição não é oposta, ela tem salários, tem emprego, carros topo de gama, vive nos melhores condomínios de Angola, os seus filhos estudam no estrangeiro ou nas escolas consulares ou diplomáticas, têm água, energia elétrica, tudo que os do regime têm, logo nao são opostos”.
O professor Nuno Álvaro Dala, outro integrante do grupo detido em Junho de 2015, concorda que a oposição pouco ou nada ajuda a alterar o cenário.
"Temos uma oposição dormente, desde que chegou ao poder, João Lourenço conseguiu anestesiar a oposição, estamos sem uma oposição à altura, incluindo a sociedade civil", diz Dala, acrescentando que “com o MPLA vai ser difícil o país atingir níveis desejáveis de crescimento e desenvolvimento porque ele é parte do problema”.
Por seu lado, Albano Bingu-Bingu é de opiniáo que o grupo cometeu um erro na altura por pensar que “com o derrube de José Eduardo dos Santos do poder, o MPLA iria desaparecer, o MPLA é uma organização muito venenosa, com uma capacidade tal de manipular as mentes das massas, que neste momento só temos uma saída e é lutarmos para que o MPLA saia”.
A oposição também não passa no crivo daquele revú porque, diz, “está desorientada, sem capacidade para contrapor o Executivo, incluindo os da sociedade civil, estamos todos parados".
Recorde-se que o grupo de 17 ativistas, conhecidos por revús, esteve preso durante um ano e saiu no âmbito de uma amnestia dado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos.