Ativistas acusam a polícia do Bengo de atropelamento quando protestavam contra a governadora

Carro da polícia (Foto de Arquivo)

Quatro cidadãos angolanos detidos ontem por tentarem organização uma manifestação na província do Bengo vão a julgamento sumário nesta quinta-feira, 6, no Tribunal do Bengo, por desobediência à autoridade.

Eles acusam a polícia de tentar “eliminá-los” tendo atropelado o músico e ativista Jaime Domingos, mais conhecido por Jaime MC, no momento dos protestos.

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A polícia, por seu lado, acusa os manifestantes de colocarem em causa a segurança e a saúde pública, por alegadamente desobedecerem e resistirem à ordem de dispersão.

Os manifestantes exigiam a exoneração da governadora Mara Quiosa por falta de água potável em tempo de pandemia, uma vez que a empresa pública de águas da província encontra-se paralisada por falta de pagamento de salários há mais de sete meses aos seus trabalhadores.

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Nzuzi Mabila, um dos subscritores da carta, acusa a polícia de tentar eliminar os manifestantes ao avançar com o carro para cima deles e acusa o segundo comandante da Policia no Bengo e a governadora Mara Quiosa.

“Este atropelamento nós responsabilizamos o senhor comandante que orientou em conluio com a senhora governadora Mara Quiosa” acusa Mabila.

Valdemar Aguinaldo, outro organizador da manifestação, afirma que mesmo com o julgamento dos quatro companheiros, os protestos vão continuar.

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“Ontem mesmo houve uma fogueira a favor dos detidos e os protestos vão continuar” assegura.

A VOA contatou a governadora Mara Quiosa, mas não obteve qualquer resposta.

Em comunicado, a polícia no Bengo acusa os manifestantes de colocarem em causa a segurança e saúde pública e justificou a detenção dos seus promotores por “desobedecerem e resistirem à ordem de dispersão”.

Até este momento, não houve qualquer decisão do tribunal.

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