Ataques a igrejas e "balobas" preocupam organizações cívicas na Guiné-Bissau

"Baloba", terreiro ou santuário animista, Bissau

Três recentes ataques foram registados num bairro de Bissau.

Duas “balobas”, templos animistas, e uma igreja foram incendiadas por desconhecidos num bairro de Bissau, nos últimos dias, situação que começa a preocupar organizações cívicas num país conhecido, até agora, pela boa convivência entre as diversas religiões.

O radicalismo e o extremismo religiosos são apresentados como causas para este novo fenómeno.

A Rede Oeste Africana para Construção de Paz (WANEP-GB), através da sua Coordenadora Nacional, Denise Dos Santos Indeque, diz estar a acompanhar a situação "e com muita preocupação".

Por seu lado, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Bubacar Turé, que, também, é coordenador do Observatório da Paz, aponta como causas o "radicalismo e o extremismo violento".

Os recentes ataques, a fogo, contra igrejas e terreiros, ou templos animistas, ressuscitou o debate sobre sinais desse radicalismo violento na Guiné-Bissau.

Bubacar Turé lamenta que "não foram identificados os seus autores" e alerta que tal "pode perigar a histórica e sã convivência inter-religiosa na Guiné-Bissau".

Para fazer frente a estes episódios, Denise Dos Santos Indeque diz ser urgente promover um diálogo "franco e honesto".

Na Guiné-Bissau já foi lançado o “Observatório da Paz”, uma iniciativa criada no âmbito do estudo do fenómeno da radicalização violenta promovida por investigadores locais.

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“Observatório da Paz” visa contribuir para a consolidação da paz e coesão nacional na Guiné-Bissau, através do reforço da participação cívica, trabalho em rede e estabelecimento de parcerias estratégicas entre as organizações da sociedade civil e as instituições do Estado.

Desde 2022, têm sido realizados encontros entre líderes religiosos que, de forma unânime, pedem medidas para evitar o radicalismo religioso.