Ataque a sede da Frelimo deixa 15 mortos em Mocímboa da Praia

Atacantes estão a monte

Um ataque à sede da Frelimo, partido no poder, em Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, na noite de segunda-feira, 23, deixou 15 mortos e vários feridos.

A informação foi confirmada à VOA nesta terça-feira, 24, por um observador da Sala da Paz, que acompanha a implementação do Acordo de Paz Definitiva, e por dois correspondentes do Centro de Integridade Pública (CIP).

Entre os mortos está um militar que se encontrava no local.

Um grupo armado invadiu a aldeia de Mbau, perto das 19 horas locais de ontem e disparou armas de fogo, que se prolongaram até a madrugada de hoje e incendiou metade das casas, incluindo a sede local da Frelimo, ainda com membros concentrados, no âmbito da campanha.

“Há jovens que foram surpreendidos a beber e foram mortos”, contou à VOA um observador, citando uma autoridade local.

Na aldeia, forças da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) tentaram repelir o ataque, levando a uma troca de tiros que se prolongou por várias horas, relatam os correspondentes do Centro de Integridade Pública (CIP).

Os insurgentes também arrombaram barracas e apoderaram-se de mercadorias, que transportaram numa viatura, roubada a um morador local, identificado por Bhongue.

Na manhã de hoje, várias pessoas foram avistadas com trouxas na cabeça, à procura de transporte para abandonar a aldeia de Mbau em direcção a outras zonas mais seguras da província de Cabo Delegado.

“Há pessoas que pelo menos estão a vir daquela aldeia (a chegar a Mocímboa da Praia)”, disse à VOA um morador local.

O Boletim do CIP sobre as eleições revela hoje que este é o oitavo ataque de insurgentes em Cabo Delgado desde o início da campanha eleitoral, a 31 de Agosto.

O posto administrativo de Mbau tem 5588 eleitores recenseados em 10 assembleias de voto, indica a mesma publicação.

A VOA tentou em vão ouvir o administrador de Mocímboa da Praia e a Policia de Cabo Delegado.

As autoridades governamentais ainda não se pronunciaram.

Desde Outubro de 2017, os distritos de norte de Cabo Delegado têm sido palco de ataques de insurgentes, até agora sem rosto e causas conhecidas, e que já provocaram a morte de centenas de pessoas e milhares de deslocados.