As associações de taxistas de Angola suspenderam a greve iniciada ontem devido, segundo os seus dirigentes, à perseguição por parte das autoridades que detiveram cerca de 100 colegas, como forma de intimidação.
Em conferência de imprensa nesta terça-feira, 11, em Luanda, os presidentes da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), da Associação dos Taxistas de Angola (ATA) e da Associação dos Taxistas e Luanda (ATL), que lutam contra o tratamento desigual das autoridades em relação aos transportes colectivos, a falta de cartão profissionalizante e o mau estado das estradas, dizem que podem regressar à paralisação a qualquer instante, principalmente se as perseguições aos seus filiados e líderes persistirem.
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Francisco Paciente, Rafael Inácio e Manuel Faustino, denunciaram uma série de perseguições ainda hoje e demarcaram-se dos acontecimentos de segunda-feira.
O presidente da ANATA, que anunciou a suspensão da greve, negou que os taxistas estejam envolvidos nos tumultos de ontem e diz estarem em abertos ao diálogo com o Governo.
“Sempre que houver lugar para uma paralisação faremos, não queremos avançar data mas estamos a ser flexíveis suspendendo a paralisação sem antes ter ouvido os nossos associados porque estamos a olhar nos profissionais e estamos a olhar na população, esse é o nosso maior interesse”, acrescentou Paciente para quem a trégua visa dar às autoridades a oportunidade para maior diálogo.
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“Fazendo fé de que a senhora governadora não tinha nossa posição, vamos dar o beneficio de duvida e muito brevemente se não houver diálogo ou se não pararem de perseguir os nossos associados nós voltamos às ruas", garantiu.
Quanto aos incidentes de segunda-feria,Francisco Paciente explicou que “orientámos mais de 40 mil taxistas, divididos em staffs, para fazerem uma paralisação pacífica, sem agressões a quem não aderisse” e denunciou o que classificou de “mentira grosseira da comunicação social pública”, ao acusar os taxistas que, segundo ele, “foi o que provocou que pessoas, supostamente aborrecidas por falta de táxi, e por aproveitamento de quem não sabemos, protagonizassem os incidentes que ocorreram no Benfica".
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Ontem, no início da greve, residentes atearam fogo na sede do comité de acção do MPLA no bairro Benfica e num autocarro do Ministério da Saúde, que ficou completamente destruído.
A polícia informou ter detido 17 pessoas e o secretário provincial do MPLA, Bento Bento, pediu esclarecimentos à UNITA por, segundo ele, "haver pessoas com a indumentárias" daquele partido entre os atacantes.
Em resposta, o secretário provincial da UNITA, Nelito Ekuikui, condenou o acto e, sobre a acusação da MPLA, diz que tudo aponta ter sido "uma cabala política do regime para incriminar o partido" do galo negro.