Arábia Saudita confirmada como anfitriã do Campeonato do Mundo de 2034

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Um discurso do Presidente da FIFA, Gianni Infantino, é transmitido num ecrã durante uma cerimónia na capital Riade, a 11 de dezembro de 2024, no momento em que o Congresso da FIFA vota os direitos de organização do Campeonato do Mundo de 2034.Arábia Saudita era o único candidato.

A decisão da FIFA de atribuir o Campeonato do Mundo de 2034 à Arábia Saudita “põe em risco muitas vidas”, afirmam a Amnistia Internacional e 20 outras organizações.

A Arábia Saudita foi confirmada como anfitriã do Campeonato do Mundo de Futebol de 2034 pela FIFA na quarta-feira, 11, sublinhando a crescente influência do reino do Golfo no desporto mundial, apesar das críticas ao historial do país em matéria de direitos humanos. Portugal, Espanha e Marrocos vão coorganizar o campeonato de 2030.

A atribuição do Campeonato do Mundo de Futebol de 2034 à Arábia Saudita “põe vidas em risco e revela a inadequação dos compromissos da FIFA em matéria de direitos humanos”, afirmam Amnistia Internacional e 20 outras organizações e os representantes dos adeptos numa declaração conjunta.

O Ministro dos Desportos e da Juventude da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Turki al-Faisal al-Saud, celebra a confirmação da Arábia Saudita como anfitriã do Campeonato do Mundo de Futebol de 2034 durante uma cerimónia na capital, Riade, a 11 de dezembro de 2024.

Ao validar a candidatura saudita por aclamação durante uma videoconferência, o Congresso da Federação Internacional (Fifa) “decidiu ignorar os nossos avisos”, escrevem a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch (HRW), a Confederação Sindical Internacional (Ituc) e as organizações Sport and Rights Alliance e Football Supporters Europe (FSE).

Desde que, no ano passado, foi revelada a candidatura da Arábia Saudita, a única que estava na corrida após um processo de um mês limitado às confederações da Ásia e da Oceânia, as cerca de vinte organizações signatárias têm vindo a alertar para os riscos “para os residentes, os trabalhadores migrantes e os adeptos visitantes”.

“Hoje, não faltam provas: trabalhadores migrantes explorados e vítimas de racismo, activistas condenados a dezenas de anos de prisão por se expressarem pacificamente, mulheres e pessoas LGBTQIA+ confrontadas com discriminações legalizadas, habitantes expulsos à força para dar lugar a projectos do Estado”, lê-se no comunicado de imprensa.

Para os signatários, “é evidente que, sem uma ação urgente e reformas abrangentes, o Campeonato do Mundo de 2034 será manchado pela repressão, discriminação e exploração em grande escala”.

No entanto, desde a introdução de compromissos em matéria de direitos humanos em 2017, a Fifa reconheceu “a sua responsabilidade de prevenir e mitigar as violações e abusos dos direitos humanos relacionados com as suas actividades”, bem como de os “remediar”, se necessário, diz ainda o texto.

No entanto, na ausência de concorrência para a atribuição do torneio, estes compromissos revelaram-se “uma farsa”, e “não houve qualquer consulta das pessoas susceptíveis de serem afectadas”, “nem quaisquer medidas específicas ou vinculativas” para garantir o cumprimento das normas internacionais do trabalho ou dos direitos humanos em geral, lamentam os signatários.

Vista geral do interior da exposição sobre a candidatura da Arábia Saudita ao Campeonato do Mundo, 11 de dezembro 2024.

Portugal, Espanha e Marrocos coorganizam campeonato de 2030

O Campeonato do Mundo de Futebol de 2030 será coorganizado por Espanha, Portugal e Marrocos, com três dos primeiros jogos a serem disputados na América do Sul (Uruguai, Argentina e Paraguai), segundo uma aprovação esperada para o Congresso virtual da FIFA na quarta-feira.

Esta fórmula tricontinental sem precedentes, que suscitou críticas sobre o impacto ambiental da competição, foi a única a concorrer depois de uma série de propostas terem sido retiradas e reagrupadas.

c/ AFP