Foi uma missão de doze dias. Uma missão não para decidir, politicamente, mas uma missão descrita como sendo meramente académica, independente, embora muito sensível. Uma missão que visava recolher informação para reportar à Comissão da União Africana.
Informação sobre a implementação do acordo geral de paz, assinado em 2005, e a preparação do referendo sobre a existência de um Sudão Unido ou a independência do sul do território.
Os investigadores estiveram seis dias no Sul do Sudão e quatro no norte. Os outros dois dias foram dedicados à entrega dos relatórios; primeiro em Addis Abeba, capital etíope, onde se localiza a sede da Comissão da União Africana, e depois em Djibouti, onde está baseado o comando militar dos Estados Unidos e da França para o corno de África.
No Sul, foram recebidos pelo Presidente do Governo, Salva Kiir, e por outros responsavéis governamentais, incluindo o Ministro da implementação do Memorando de Entendimento e da Paz, que é o Secretário-Geral do partido SPLM, Movimento de Libertação Popular do Sudão, do já famoso e falecido John Garang.
E do sul, Luisa Diogo e os outros membros da missão, rumaram para o norte, onde segundo a antiga Primeira-Ministra Moçambicana, tiveram supresas interessantes.
Uma das grandes surpresas foi constatar a abismal diferença, no que ao desenvolvimento diz respeito. O fosso entre as duas regiões é enorme. E depois da visita e das conclusões que a equipa coordenada pela ex-Primeira-Ministra de Moçambique e Conselheira da Comissão da União Africana tiraram, alguns desafios se colocam.
O primeiro desafio é o cenário que se apresentará, se, no referendo que terá lugar em Janeiro, os sudaneses decidirem optar pela separação do sul e do norte.
Aí, estar-se-á perante uma realidade inédita, em África: seria a primeira vez que, no continente, dois territórios fossem oficialmente separados, dando lugar a dois novos estados. E ainda de acordo com Luísa Diogo, seriam desafios também para os próprios sudanenes.
Para dos do norte seriam mais desafios de natureza económica, pois cinquenta por cento das receitas obtidas pelo norte vêm do petróleo, e o petróleo está no sul, na zona de Abbey.
E, no sul, uma grande dificuldade; do ponto de vista de capacidade administrativa do Estado, muita fraqueza. Capacidade praticamente inexistente, para poder enfrentar os desafios de um novo estado.
E, por tudo isso, a economista moçambicana Luísa Diogo não tem dúvidas em afirmar: vai ser difícil manter a unidade, no mais extenso país africano e uma das nações mais conturbadas do continente.
Luísa Diogo, antiga Primeira-Ministra de Moçambique, que esteve recentemente no Sudão, a coordenar uma missão que, entre outras individualidades, integrou um especialista norte-americano, na área do aconselhamento geo-político e estratégico, na componente africana, junto ao senado dos Estados Unidos da América; uma equipa que intergou, ainda, o antigo comandante adjunto das forças americanas e britâncias no Iraque e um ex-Vice-Presidente da Comissão da União Africana.
Missão visava recolher informação para reportar à Comissão da União Africana.