A companhia petrolífera Anadarko anunciou Segunda-feira a descoberta de mais gás no norte de Moçambique o que poderá tornar o país num dos grandes exportadores mundiais de gás.
A Anadarko diz ter descoberto uma quantidade substancial de gás no furo Barquentine 3 ao largo do norte de Moçambique, acrescentando que esta descoberta aumenta as estimativas de reservas para entre 30 e 50 triliões de pés cúbicos de gàs.
Para se julgar a importância disto basta referir que a companhia disse num comunicado que as descobertas de gàs em Moçambique são agora por si consideradas como um dos campos mais importantes de gàs descobertos em todo o mundo nos ultimos dez anos.
Antes deste última descoberta notícias na indústria petrolífera tinham dito que as reservas de gàs descobertas no norte de Moçambique seriam equivalente a reservas de quatro mil milhões de barris de petróleo.
O mês passado quando a companhia italiana Eni tinha anunciado a descoberta de mais gás em Moçambique, um dos directores da companhia Paolo Scaroni afirmou que Moçambique era já o “uma província de gás” descrevendo as reservas em Moçambique como “extremamente relevantes”.
Scaroni disse na altura que as reservas existentes podem justificar a construçao de até três complexos de liquefacção de gás que poderá requerer investimentos de vários milhares de milhões de dólares.
Sabe-se tambem que a Anadarko já duplicou os seus planos inicias de construçao de complexos para a liquefacção do gàs.
É de notar que o gás até agora descoberto em águas territoriais moçambicanas é ainda a parte menor de toda a àrea a ser alvo de prospecção pelo que as reservas de gàs poderão ser ainda muito maiores do que foi encontrado até agora.
A zona onde foi encontrada gás pela Anadarko engloba uma vasta area de uma zona sensívelmente ao largo de Palma até Olumbi - mais para o sul - a uma distancia da costa de cerca de 50 quilómetros. A zona de prospecção no mar alastra-se até á fronteira com a Tanzânia e para o sul de Mocímboa da Praia.
Peritos económicos fazem notar a posição geográfica de Moçambique junto ao mar e com excelentes capacidades portuàrias, numa altura em que a procura de meios energéticos aumenta na Ásia que em príncipio deverá ser o principal mercado do gás moçambicano.
Os especialistas afirmam ser inegável que o gàs vai ter um impacto na economia moçambique já que o país pouca ou nenhuma necesidade tem desse gàs para as suas necessidades energéticas internas.
Para além da sua participação directa nos lucros da exploração (a Empresa Nacional de Hidrocarbnetos detém 15% na parceria encabeçada pela Anadarko e 10% na parceria com a Eni), Moçambiqu irá beneficiar também dos impostos e tarifas nas companhias envolvidas.
Um dos problemas contudo é a inexistência de infra-estruturas no norte do país o que vai requerer grandes investimentos.
Recentemente notícias disseram que dirigentes da companhia italiana ENI tinham discutido com o presidente Armando Guebuza a construção de uma nova cidade no norte do país.
O presidente da Eni disse à agencia de notícias Dow Jones que a sua companhia vai investir 50 mil milhões dólares no projecto cujo mercado será na Ásia.
A ENI planeia empregar 40.000 pessoas no norte de Moçambique e confirmou que as reservas de gás poderão ser ainda muito maiores.
"Estamos a furar ainda em mais quatro poços," disse ele.
Especialistas avisam ainda que Moçambique vai ter que evitar o que é descrito como "a maldição dos recursos" que afecta os países africanos. O petróleo e outras riquezas mineiras não têm em grande parte servido os interesses das populações tendo apenas feito aumentar a corrupção e a má governação senão mesmo em alguns casos a anarquia.
A analista Anne Fruhauf disse contudo que no caso de Moçambique o país tem o que chamou de “infraestrutras institucionais básicas com boa reputaçâo”.
Os investidores, disse ela, têm demonstrado grande confiança em Moçambique que se está a tornar num modelo para investimentos particularmente em projectos de grande escala.
Segundo planos da Anadarko o gás só deverá começar a ser extraído e exportado em 2018.
A ENI diz que o gás poderá começar a ser produzido em 2016.