Enquanto as Nações Unidas se preparam para assinalar no próximo domingo o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, defensores de micro financiamentos dizem que pequenos empréstimos são um dos mais efectivos instrumentos para quebrar o ciclo do empobrecimento. Críticos do modelo afirmam que ele ainda não é auto-sustentável e alcança apenas certos tipos de pobres.
Activistas de micro financiamentos e doadores participaram recentemente numa conferência no estado da Virgínia organizada pela organização americana não lucrativa Opportunity International (Oportunidade Internacional).
O grupo financiado por doadores fornece empréstimos a micro empresas, serviços bancários, seguro e treino a mais de dois milhões de pessoas em cerca de 20 países, a maioria deles em África.
Os pequenos empréstimos, que começaram por ser cerca de 30 dólares e agora são de 150 dólares, são fornecidos a membros de grupos de 30 pessoas. Clientes com um bom recorde podem posteriormente qualificarem-se para grupos de cinco pessoas com um empréstimo máximo de 3500 dólares, antes de poderem vir a ser considerados para empréstimos maiores.
A dificuldade de acesso a zonas rurais remotas é um dos maiores obstáculos a auto-sustentabilidade das operações micro financeiras, sendo as viagens muito demoradas e dispendiosas.
Uma outra crítica é de que o micro financiamento apenas atinge certos tipos de pessoas pobres, como explica David Hulme, o director do Centro de Investigação da Pobreza Crónica, sedeado na Grã-Bretanha:
“Mesmo os melhores programas de micro financiamento teem um alcance limitado. Tendem apenas a trabalhar com pessoas pobres enérgicas e dinâmicas em locais certos onde exista pessoal no terreno.”
Hulme é co-autor de um livro publicado este ano intitulado “Just Give Money to the Poor”, que se poderia traduzir por “Dar apenas Dinheiro aos Pobres”. O livro defende que simplesmente dar dinheiro aos mais pobres, sem quaisquer condições, levará a que a maioria da indústria de ajuda anti-pobreza possa ser ultrapassada. O livro argumenta que transferências em dinheiro dadas directamente a famílias pobres permitem que elas decidam sobre a maneira mais efectiva para escaparem a pobreza.
Diferentes agências internacionais avaliam o número de pessoas vivendo actualmente na absoluta pobreza entre os 1300 milhões e os 1700 milhões.
A pobreza absoluta é definida como a falta de possibilidade de ter água potável, alimentação adequada, cuidados de saúde, vestuário, abrigo e educação.