No dia em que o Conselho de Segurança da ONU deverá considerar uma petição palestiniana para ser reconhecido como estado, funcionários israelitas e palestinianos continuam num impasse sobre e em que termos devem recomeçar as suas negociações.
No mínimo, as acções do presidente palestiniano Mahmoud Abbas na semana passada nas Nações Unidas recolocaram dramaticamente os olhares do mundo sobre o conflito de décadas israelo-palestiniano, estiveram no centro das atenções da Assembleia Geral e geraram uma torrente de actividade do chamado Quarteto do Médio Oriente, que engloba os Estados Unidos, Nações Unidas, União Europeia e Rússia.
Regressando à Margem Ocidental, proveniente de Nova York, Abbas disse a uma multidão jubilante que uma “Primavera Palestiniana” tinha começado com o pedido de reconhecimento como estado. Os Estados Unidos ameaçaram usar o seu poder de veto no Conselho de Segurança para bloquear o pedido palestiniano para se tornar membro das Nações Unidas.
Aparecendo na televisão americana, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu continuou fustigar o pedido palestiniano junto da ONU:
“Os palestinianos querem um estado, mas têm de dar a paz em troca. O que eles estão a tentar fazer nas Nações Unidas é obter um estado sem darem paz e segurança a Israel e eu penso que isso é errado. Isso não pode acontecer.”
Os palestinianos afirmam que as negociações com Israel são fúteis. A deputada palestiniana Hanan Ashrawi esteve também presente na televisão americana:
“Nos últimos 20 anos, temos estado a negociar, ate à exaustão, num processo que não tem relação com a realidade.”
Ashrawi disse que os palestinianos não negociarão com Israel enquanto Israel continuar a construir colonatos judaicos e recusar a respeitar as fronteiras que existiam antes de Israel ter ganho o controlo de territórios palestinianos na guerra israelo-árabe de 1967.
Mas o primeiro-ministro Netanyahu insiste serem possíveis negociações frutíferas:
“E possível que se insista sobre coisas que tornem a vida possível para o estado judaico e tornem possível a paz. O cerne do conflito é a persistente recusa palestiniana de reconhecer Israel em qualquer fronteira. Uma paz que se baseia em mentiras quebrar-se-á. Eu sou responsável pelo destino de um e único estado judaico. E não vou imprudentemente alimentar o insaciável crocodilo do Islão militante concedendo mais território.”
Hanan Ashrawi disse que é a intransigência israelita que esbarra há muito no caminho para a paz:
“Israel colocou muitas pré condições. Quer anexar Jerusalém. Quer retirar os refugiados palestinianos da agenda. Quer manter as suas tropas no vale do Jordão. Quer tudo e depois diz vamos conversar. Não, isso são pré condições inaceitáveis. Ou se negoceia em boa fé e se actua de forma a alcançar a solução de dois estados ou essa opção não será mais possível, particularmente tendo em conta a Primavera Árabe. Esta é uma nova fase, um novo jogo.”
O veto do Conselho de Segurança parece não ter abrandado o entusiasmo ou a antecipação que rodeia o pedido de reconhecimento de estado às Nações Unidas nem levou os funcionários palestinianos a darem ouvidos aos pedidos do Quarteto para o Médio Oriente para um recomeço das negociações israelo-palestinianas.