O combate ao crack, da entrada do produto no país até a recuperação dos usuários, é um dos grandes desafios do Brasil. O tema, presente em discussões em todos os níveis da sociedade, é recorrente nos discursos da campanha política brasileira deste ano. Candidatos que disputam a presidência, os governos dos estados e até as cadeiras de deputados e senadores abordam o complexo problema.
O número de viciados em crack no Brasil atinge a marca de um milhão, de acordo com estimativa baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Inúmeras “cracolândias” estão espalhadas pelo Brasil destruindo vidas, inclusive de crianças. Até índios e trabalhadores rurais fazem uso da pedra.
A candidata do PT, Dilma Rousseff, começou a falar sobre o drama que atinge milhares de lares brasileiros, estrategicamente, um pouco antes do lançamento, este ano, do criticado plano do presidente Lula de enfrentamento do crack. Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) também entraram no assunto. Todos os candidatos, no entanto, tratam do delicado tema sem a apresentação de propostas concretas.
Para o Subsecretário de Políticas Antidrogas do Estado de Minas Gerais, Clóvis Benevides, o Brasil ficou 30 anos sem discutir o assunto com seriedade e a primeira medida para enfrentar o grande desafio de combater as drogas é acabar com os discursos vazios.
O especialista alerta que o Brasil vive uma epidemia de crack que precisa de coordenação urgente para ser enfrentada. Também faltam dados corretos para que sejam criadas políticas públicas adequadas. Benevides lembra, ainda, que o enfrentamento do vício tem sido mais dramático para pobres e afrodescendentes.