Questões que persistem
Uma década depois de câmaras terem gravado aviões de passageiros desviados por piratas aéreos embatendo contra arranha-céus em Nova Iorque e contra o Pentágono persistem - um pouco por todo o mundo - teorias de conspiração sobre quem terá estado por detrás dos ataques terroristas. E algumas dessas teorias põem em dúvida se a organização terrorista Al Qaida terá, de facto, estado por detrás dos ataques do 11 de Setembro.
Os EUA e a maioria dos governos de todo o mundo desde sempre responsabilizaram a Al Qaida pelos acontecimentos do 11 de Setembro. Mesmo Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaida, admitiu responsabilidade pelos ataques.
Mas, durante a última década, algumas pessoas argumentaram contra esta explicação. De facto, se escrever 9-11 num motor de busca da internet, uma das cinco primeiras escolhas que aparecem é sobre as “conspiração do 11 de Setembro”.
E, algumas das mais bizarras teorias de conspiração vão ao ponto de acusar os EUA de se ter atacado a si próprio ou especulando que Israel terá levado a cabo os ataques, num conspiração para desacreditar os muçulmanos.
Em 2008, investigadores que participaram no Programa sobre Atitudes de Política Internacional (o PIPA) entrevistaram pessoas em 21 países perguntando-lhes quem teria estado por detrás dos ataques do 9 de Setembro.
O director do PIPA, Stephen Kull, afirma que os resultados da sondagem foram surpreendentes. Disse ele: “Cerca de metade disseram qualquer coisa como a Al Qaida. E, mesmo país como os nossos aliados da NATO, a maioria não foi muito grande, não chegando a atingir os dois terços. Por isso, o que temos é uma falta de consenso no mundo”.
Kull afirma ainda que os investigadores relacionaram os resultados da sondagem com a atitude das pessoas em relação aos EUA. E aqueles com uma opinião mais negativa mostraram-se menos inclinados a acreditar que a Al Qaida tenha levado a cabo os ataques.
Graeme Bannerman, ex-membro da Comissão de Relações Externas do Senado, disse acreditar que os resultados do estudo teriam sido diferentes imediatamente depois do 9 de Setembro.
Bannerman diz que grande parte do mundo apoiou os EUA, mas os EUA perderam grande parte daquela boa vontade ao ir para a guerra no Iraque, um país que a maioria está em crer que não esteve envolvido nos ataques do 11 de Setembro.
Na sequência da guerra no Iraque, no mundo islâmico, aumentaram as atitudes negativas em relação à América. Em 2008, uma sondagem revelava que a maioria das pessoas entrevistadas no Médio Oriente dizia que a Al-Qaida não era responsável pelo 11 de Setembro ou então diziam não saber quem seria responsável.
Uma sondagem efectuada, este ano, pela Pew Research Center chegou à conclusão que uma maioria de muçulmanos ainda não acredita que os árabes sejam responsáveis.
Ishtiaq Ahmad é um perito em relações internacionais. Diz ele que as atitudes negativas em relação à América no mundo muçulmano não resultam apenas da política externa dos EUA. Ahmad afirma que as elites dominantes, especialmente no Paquistão, encorajaram estas atitudes negativas, menosprezando a ajuda americana e responsabilizando a América e o Ocidente pelos fracassos da sua política interna.
Afirmou Ahmad: “Basicamente, há uma grande raiva contra os governantes e estes, por seu lado, encontram formas de canalizar esse descontentamento contra as grandes potências, como, por exemplo, os EUA”
Mas, Ahmad afirma ser possível melhorar a situação, sublinhando que a retirada dos EUA do Afeganistão e uma atitude mais discreta em outras regiões muçulmanas, isso combinado com o aumento do comércio e da ajuda, podem começar a mudar atitudes em relação a Washington, apaziguando muitas das teorias da conspiração postas a circular.