Organizações dos direitos humanos sustentam que dezenas de milhar migrantes Africanos na Líbia foram deslocadas das suas casas e locais de trabalho por meses de confrontos entre forças leais ao antigo dirigente Moammar Gadhafi, e elementos da entidade de transição, que se lhe opõe.
Muitos vivem com medo, em difíceis condições em campos improvisados, como no campo do porto Sidi Blal, situado a vinte quilómetros para ocidente de Tripoli.
A tensão é elevada no porto de Sidi Blal onde cerca de um milhar de trabalhadores da África subsaariana se refugiaram. Embora os confrontos nesta parte da Líbia tenham acabado os migrantes referem que tem estado a receber ameaças por indivíduos armados desconhecidos.
Edmont Okoror, do estado Edo, na Nigéria, tem estado a lavar carros desde há seis anos até que indivíduos armados assaltaram a sua casa nas proximidades de Tripoli.
“Tiraram os nossos bens, o nosso dinheiro, até mesmo os nossos telefones”.
Cerca de um milhão de migrantes da África subsaariana viviam na Líbia antes da revolução que derrubou o dirigente de longa data Moammar Gadhafi. Muitos deles fugiram durante os cinco meses de confrontos, mas as agências de assistência avaliam em cerca de cem mil os que permaneceram.
Aminu Zimbo, de Boku, no norte do Ghana, refere que estrangeiros negros parecem ser especialmente visados pelas forças anti-Gadahfi, mas não sabe porque.
“Eles apareceram, disparando as armas. Nós fugimos. Os nossos passaportes ficaram atrás. Nós conseguimos escapar. Por que eles mataram muitos ganenses. Matam todos os negros, foi por isso que fugi”.
As forças anti-Gadhafi têm capturado centenas de Africanos subsarianos que, dizem, foram capturados ao lado das forças pró-Gadahfi.
Muitos dos detidos indicaram ter lhes sido oferecido a cidadania líbia ou dinheiro para lutarem por Gadhafi. Outros dizem ter estado na cadeia, e terem sido forçados a juntarem-se.
Mas muitos líbios consideram-nos mercenários que participaram na matança de civis inocentes e como resultado disso, estrangeiros negros são encarados com suspeição.
Alguns líbios ressentem-se da política de Gadhafi de acolher as nações subsarianas. Ele convidou os seus cidadãos para trabalhar na Líbia e durante doou milhões de dólares aos governos Africanos.
Gadhafi afirmava desejar ajudar os seus irmãos e irmãs do continente, mas muitos líbios acreditam que a principal razão foi a sua ambição de se tornar o líder da união Pan- Africana.
O embaixador nigeriano visitou recentemente o campo e ofereceu-lhes o regresso à Nigéria. O diplomata foi recebido com hostilidade por parte dos seus concidadãos. Os guardas dispararam para o chão, quando a multidão lhe gritou para sai do campo.
O condutor de camião nigeriano Fred Binosa afirmou que o regresso a casa não é opção. Muitos trabalhadores pediram dinheiro emprestado para a viagem e se regressarem a casa de mãos vazias vão correr risco.
Binosa acrescenta que a ausência de oportunidades de trabalho na Nigéria é o principal obstáculo.
Alguns dos migrantes do campo indicaram desejar regressar a suas casas na Líbia se houver segurança. Mas, por agora não existe nada para fazer, é esperar por melhores tempos, ou a passagem, mais uma vez, para uma nova vida.