O presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, anunciou hoje em Nampula que na próxima semana começa o aquartelamento dos seus ex-guerrilheiros, processo fortemente contestado pela FRELIMO, partido do Governo de Moçambique, que o denuncia como "perigoso" para a paz.
Segundo a Agência Lusa, Dhlakama falava durante uma conferência de imprensa na sua residência em Nampula, no norte de Moçambique, e ressalvou que a medida não tem como finalidade o retorno à guerra, mas garantir o melhor controlo dos seus desmobilizados e reformados, como forma de evitar que estes se envolvam em "eventuais desmandos".
O líder do maior partido da oposição moçambicana voltou a acusar o Governo de alegada violação do Acordo Geral de Paz, de 1992 que visava a criação de um único exército "imparcial e profissional, com cerca de 30 mil homens de ambos os lados".
Afonso Dhlakama sustentou estas suas acusações com o que descreveu de reformas compulsivas dos generais da RENAMO, enquanto os oficiais da FRELIMO, continuam com altas patentes e funções nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
O presidente da RENAMO voltou a insistir na organização de uma "revolta nacional para retirar a FRELIMO do poder", a qual, disse, vai acontecer "antes do Dia do Natal" deste ano.
"Não vamos promover uma manifestação, mas uma revolta nacional para estabelecer uma ordem pública. É isso: queremos desalojar a FRELIMO das escolas, tribunais, hospitais e até dos negócios privados", disse Dhlakama.
Instado a comentar se as suas ameaças tinham motivações financeiras, o histórico dirigente afiançou que não vive do apoio financeiro do Governo, e que esta era a melhor forma de manter a democracia em Moçambique.
Afonso Dlhakama anunciou ainda que o seu partido não está interessado em concorrer às eleições intercalares nos municípios de Pemba, Cuamba e Quelimane, nas províncias de Niassa, Cabo-Delgado e Zambézia.