Está confirmado preto no branco.
A madeira apreendida no dia 8 de Julho último no porto de Nacala estava mesmo para ser exportada em condições ilegais. São madeiras em toros de espécies de primeira classe.
Estão envolvidas oito empresas, moçambicanas e chinesas. Os nomes dos proprietários das oito empresas são ainda desconhecidos.
Mas as Alfândegas de Moçambique anunciaram em voz alta os nomes das empresas numa conferência de imprensa. Só que operadores de câmara de televisão e fotógrafos foram aconselhados a ofuscar a imagem do oficial das Alfândegas que apresentou o relatório preliminar do processo de investigação do assunto, deixando a sua voz registada:
“Confirmam-se, no total, 561 contentores, propriedade das empresas Casa Bonita International, Yizhou, Mozambique Trading, Zhen Long International, Tong Fa, Lda, Senyu Lda Chanate Lda e Verdura todas com registo fiscal nas areas fiscais de nampula e Nacala.
A madeira estava a embarcar para China em três navios, designadamente, Latour Cota, Nilam e Barrier. Confirma-se a tentativa de exportação pelas empresas Casa Bonita International, Chanate Lda, Tong Fa Lda e Senyu Lda de madeira de primeira classe em toros, cuja exportação é condicionada ao processamento. Falsas declarações nos despachos de exportações das empresas Zen Long International e Yizhou (foi declarada madeira de espécie pau-rosa em lugar de madeira em toros das espécies pau-preto e sândalo). Todos os documentos de despacho de exportação apresentam os respectivos relatórios de assistência fiscal ao empacotamento e foram assinados por membros da equipa multissectorial) – palavras do oficial das Alfândegas sem rosto ou seja com a cara ofuscada.
É a primeira vez em Moçambique em que um oficial das Alfândegas ou autoridade do Estado aparece publicamente a dar notícia com este nível de impacto, mas com ordens para se ofuscar a sua cara.
As Alfândegas dizem que é uma questão de segurança, porque no ano passado um oficial da mesma instituição foi assassinado logo depois de anunciar em conferência de imprensa um esquema de roubo de carros.
Para alguns analistas, este é o sinal de que o Estado moçambicano tem medo do crime organizado.
O assunto da exportação ilegal da madeira para China é muito antigo em Moçambique, mas os nomes e rostos dos empresários são desconhecidos. O anúncio de novos desenvolvimentos do caso da madeira de Nacala acontece numa altura em que o presidente Armando Guebuza está em visita oficial na China, procurando investimentos para projectos de desenvolvimento do país.