Deslocados pela seca e pela fome fogem para Mogadíscio

  • Paulo Oliveira

Deslocados pela seca e pela fome fogem para Mogadíscio

Mais de cem mil pessoas chegaram a Mogadíscio nos últimos dois meses

A agencia das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR - revelou que dezenas de milhar de somalis deslocados pela seca e a fome estão a fugir para a devastada cidade de Mogadíscio, numa procura desesperada de alimentos, de água, abrigo e de outro género de ajuda.

O Alto Comissariado da ONU indicou que mais de cem mil pessoas chegaram à capital nos últimos dois meses.

Os dados do ACNUR demonstram que apenas no último mês, quase 40 mil vítimas da seca e da fome fugiram para Mogadíscio na procura de ajuda.

Aquela agência sublinha que o número dos deslocados continua a aumentar, com uma média diária de um milhar de pessoas a convergir para a capital.

A porta-voz da agência de refugiados Vivian Tan destacou serem as mulheres e as crianças que estão a sofrer o fardo da situação de emergência, como foi confirmado por um responsável do ACNUR que acabou de visitar um dos maiores campos de deslocados, situado nos arredores de Mogadíscio.

Tan referiu que o responsável do ACNUR assistiu a cenas alarmantes de pessoas desesperadas, empurrando-se e acotovelando-se para obter a comida que estivesse disponível.

Tan indicou terem sido presenciadas algumas cenas de agressão na distribuição de alimentos, alimentos doados por agências locais.

Entretanto, o Programa Alimentar Mundial prepara a primeira de uma série de operações de transporte aéreo para a Somália. Cada um dos aparelhos vai transportar entre 30 e 40 toneladas métricas de alimentos.

A porta-voz do PAM, Emilia Casella, indicou que o primeiro avião a seguir para Mogadíscio vai transportar alimentos terapêuticos para as crianças que se encontram severamente sub nutridas.

Nos próximos dias referiu Casella, o PAM espera iniciar a ponte aérea de alimentos essenciais para a cidade do sul da Somália de Gedo, localizada na fronteira com o Quénia e a Etiópia.

Emilia Casella afirmou à Voz da América que o PAM trabalha com organizações não governamentais locais, bem como com outras organizações internacionais e outras agências da ONU para a distribuição de alimentos aos famintos.

Casella precisou que a distribuição inclui aquelas pessoas que vivem em áreas que se encontram fora do alcance das agências das Nações Unidas.

A ONU indicou que três milhões e setecentas mil pessoas, ou seja metade da população da Somália, necessitam de assistência internacional, tendo o PAM indicado não ter capacidade para chegar a sessenta por cento da população que necessita de alimentos.

Esta situação fica a dever-se por que os militantes da al-Shabab proibiram o PAM de distribuir ajuda em vastas zonas do sul do país assoladas pela fome.

O grupo islamita acusa o PAM de prejudicar os agricultores locais e de adoptar uma postura política.