CPLP: Cimeira de Maputo termina sem novidades para a Guiné-Bissau

Foi uma cimeira dominada por debates sobre os modos de acabar com a falta de alimentos nos oito países da comunidade.

A nona cimeira dos líderes da comunidade dos países de língua portuguesa, CPLP, terminou em Maputo sem solução para o golpe de estado na Guiné-Bissau e sem reposta ao pedido de adesão da Guiné-Equatorial.

Foi uma cimeira dominada por debates sobre formas de acabar com a falta de alimentos nos oito países da comunidade de cerca de 250 milhões de habitantes, dos quais 28 milhões vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional.

O assunto foi apresentado por Moçambique que a partir de agora assume a presidência bienal da organização transcontinental.
Angola e Moçambique são os mais afectados pela insegurança alimentar.

O presidente Armando Guebuza acredita que a partir da cimeira de Maputo, o assunto da segurança alimentar e nutricional vai ser colocado na agenda mundial, já que os oito países da CPLP representam efectivamente quatro continentes.

Guebuza disse que é “expectativa da CPLP que através deste tema de segurança alimentar e nutricional consigam sinergias para a solução do grande desafio dos cidadãos vulneráveis da comunidade”.

Para o chefe do estado moçambicano, “acabar com a desnutrição crónica e a pobreza é um compromisso nobre que o bloco comunitário deve honrar”.

Os assuntos políticos foram discutidos à porta fechada e o comunicado final não fez referência à reposta ao pedido de adesão da Guiné-Equatorial.

O caso do golpe de estado de 12 de Abril último na Guiné-Bissau estava nas bocas de quase todos os delegados, mas a cimeira terminou sem novidade para os guineenses.

O secretário executivo da SADC, Tomás Salomão, e o antigo presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, defendem o diálogo entre as partes. Mas Angola que dirigiu a CPLP nos últimos dois anos está frustrada com a intransigência dos militares golpistas.

Angola investiu muito na reforma do sector da defesa e segurança na Guiné-Bissau, mas tudo caiu por terra com o golpe de estado de Abril.

Segundo o Vice-Presidente angolano, Fernando Dias dos Santos, “a presidência angolana desenvolveu esforços no sentido de promover o diálogo entre as autoridades da Guiné-Bissau e os parceiros internacionais. Após o golpe de estado, o foco da CPLP centrou-se na condenação do mesmo e no isolamento internacional dos golpistas”.

Mas o grupo dos países da Comunidade Económica da África Ocidental, CEDEAO, apoia o regime instalado em Bissau.

A cimeira de Maputo termina com a indicação do embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Murargy, para o cargo de secretário executivo da CPLP por um período de dois anos, em substituição do guineense Domingos Simões Pereira.

A próxima cimeira vai decorrer em Díli, capital de Timor-Leste, em 2014.