Pessoas com alto risco de contraírem malária podem ser protegidas tomando uma combinação de simples e baratos antibióticos. Esta é a conclusão de um novo estudo por investigadores que afirmam que os antibióticos protegem o sistema imunitário contra o parasita do mosquito.
A malária infecta todos os anos cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo e causa mais de um milhão de mortes – muitas delas crianças na África sub-Saariana.
Até agora, vacinas experimentais oferecem apenas protecção parcial contra a malária, que causa febres elevadas, arrepios, dores no corpo e na sua pior fase, complicações cerebrais que levam à morte.
Mas uma equipa de investigadores descobriu que uma combinação de dois simples e baratos antibióticos – clindamycin e azithromycin – protegeu ratos de laboratório contra a doença parasita.
Investigadores disseram que o coquetel antibiótico, tomado uma vez por semana no pico da época da malária, tem o potencial de proteger as pessoas que vivam em áreas endémicas e pode mesmo dar uma protecção vitalícia da mesma forma que uma vacina dá.
Os antibióticos estimulam uma forte resposta imune protectora contra o parasita da malária embora seja no fígado de um indivíduo afectado que se dá a primeira fase do ciclo de vida do parasita.
Steffen Borrmann, da Faculdade de Medicina da Universidade de Heidelberg na Alemanha e do Instituto de Investigação Médica do Quénia em Kilifi, disse que a reacção imune causa mudanças celulares que tornam impossível os esporos parasíticos entrarem no sistema sanguíneo de um pessoa para infectar as células vermelhas, a segunda fase do ciclo de vida que causa os sintomas da malária.
O parasita morre então porque não pode infectar as células vermelhas de que necessita para se sustentar.
Borrmann afirmou não estar preocupado que o uso frequente e alargado de antibióticos, incluindo o azithromycin, possa levar a que eles fiquem resistentes à malária. Apontou o uso daquele antibiótico no tratamento do tracoma, uma grave infecção bacterial da vista.
Borrmann afirmou que os ensaios podem começar já porque os medicamentos são fáceis de adquirir e muito baratos.O estudo mostrando a protecção dos antibióticos contra a malária foi publicado no jornal “Science Translational Medicina”.