Derrames de petróleo no Delta do Níger atingiram proporções catastróficas

  • Heather Murdock
Antes da guerra, e antes da descoberta do petróleo, o Delta do Níger parecia um paraíso

Ameaça à estabilidade da nação mais populosa de África

Os danos causados pelos derrames de petróleo na região nigeriana do Delta do Níger atingiram proporções catastróficas e continuam a ameaçar a estabilidade da nação mais populosa de África.

Os locais sustentam que as pessoas morrem ainda jovem, ou fogem da região, enquanto as empresas petrolíferas, e as autoridades corruptas, enriquecem com os recursos naturais.

As empresas petrolíferas sustentam que os actos de sabotagem são responsáveis por 75 por cento dos derrames.

Antes da guerra, e antes da descoberta do petróleo, o Delta do Níger parecia um paraíso. Ainda hoje é bonito, constituindo uma das regiões de maior biodiversidade de África, com riachos e rios que se espalham como teia de uma aranha numa floresta pantanosa.

Mas se olharmos com mais atenção, reparamos que óleo negro cobre as raízes dos mangais e flutua na água. Para os residentes as consequências são desastrosas.

As pessoas encontram-se numa doca perto da aldeia. Todos eles, e todos os seus ancestrais, usaram a pesca como forma de vida, até que o petróleo matou o peixe. Nos últimos cinco anos, o pescado conheceu uma redução de cerca de 80 por cento.

A Amnistia Internacional refere que, nos últimos 50 anos, entre nove 13 milhões de barris de petróleo escorreram nos riachos do Delta do Nilo, nos rios e no próprio Golfo.

Trata-se de um volume comparável a ter anualmente um desastre do género do Exxon-Valdez, durante varias décadas.

O advogado Aribogha representa centenas de comunidades afectadas pelos derrames.

Segundo ele as grandes empresas petrolíferas são lentas em investigar e com frequência consideram, sem as visitar, que as áreas não foram afectadas.

“É mais do que evidente que o petróleo afectou estas pessoas. Como se pode dizer que o petróleo não afectou a zona, sem se ter visitado a mesma?”.

As autoridades governamentais indicam que, por lei, as companhias petrolíferas tem de compensar as vitimas dos derrames.

No entanto, e antes que as pessoas recebam qualquer dinheiro, tem de provar que o petróleo que cobriu as plantas e flutua na água para beber, foi provocado por um derrame concreto.

As companhias petrolíferas sustentam não ter qualquer responsabilidade pela maioria dos derrames, e que a maioria é resultante de sabotagem – roubo de petróleo ou de refinarias ilegais. Queixam-se de que o governo não protege suficientemente as suas operações.