Afeganistão: Karzai ameaça suspender ataques aéreos da NATO

Fim dos ataques? Avião da NATO em acção no Afeganistão

Presidente diz que vai levantar a questão com oficiais da NATO

O presidente do Afeganistão Hamid Karzai avisou as forças da NATO no seu país que não vai permitir que ataquem casas com meios aéreos.

O correspondente da Voz da América em Islamabad disse que a declaração de Karzai se segue a um ataque aéreo que entidades oficiais afegãs disseram que causou a morte de 14 pessoas incluindo mulheres e crianças. O ataque ocorreu no sábado na província de Helmand.


O presidente Hamid Karzai disse que a sua exigência para os ataques aéreos que causam a morte de civis afegãos é o seu “ultimo aviso”.

Mas o presidente não clarificou que medidas o governo de Kabul irá tomar se os bombardeamentos continuarem.


Karzai disse que vai levantar a questão quando se reunir com comandantes da NATO.
Já no passado o presidente afegão fez declarações condenando as forças da NATO e proibindo algum tipo de operações como ataques nocturnos contra casas, mas acabou depois por permitir esse tipo de acções.


Mas falando a jornalistas em Kabul, Karzai disse que o povo afegão não pode continuar a tolerar ataques aéreos contra residências.


“O Afeganistão é um aliado não é um país ocupado,” disse o presidente. “As nossas relações com a NATO são aplicadas do ponto de vista de um aliado. Se isso muda noutra direcção, para o comportamento de uma ocupação, então claro está que o povo afegão sabe como fazer face a isso,” acrescentou.


Após dez anos de guerra a morte de civis causada pelas forças internacionais tem-se tornado numa questão amarga entre a população onde códigos tribais exigem vingança ou compensação.
Entidades oficiais da NATO disseram que nunca são levados a cabo ataques aéreos sem coordenação com as autoridades afegãs. Essas fontes disseram que rotineiramente os militantes afegãos escondem-se em áreas civis e usam civis inocentes como escudos humanos.


No sábado fuzileiros americanos pediram apoio aéreo durante um combate na província de Helmand no sul do Afeganistão.


Entidades NATO pediram mais tarde desculpas pelo que disseram ter sido a morte de nove civis.


Essas fontes disseram que a operação tinha tido como objectivo rebeldes que tinham atacado uma patrulha americana matando um fuzileiro.


Uma porta-voz das forças internacionais, a tenente-coronel Regina Winchester, disse que as forças da NATO têm regras muito claras destinadas a minimizar este a morte de civis.


“Temos regras muito específicas sobre como levamos a cabo operações, especialmente em zonas populacionais,” disse ela.


“Uma das nossas principais linhas de actuação é proteger a população e isso não se aplica só as acções dos rebeldes mas também como resultado das nossas próprias operações,” acrescentou.


As tropas americanas e da NATO estão no Afeganistão com mandato da ONU que expira em Outubro.


Entidades oficiais estão ainda a negociar o estatuto das forças estrangeiras após essa data.
Entidades da NATO no Afeganistão disseram que levam a cabo regularmente revisões das suas tácticas para se tentar limitar baixas entre a população civil.


Um porta-voz das forças da NATO disse que vai haver uma nova investigação na sequencia das declarações do presidente Karzai.