Numa escalada drástica de tensão com a Coreia do Sul, a Coreia do Norte anunciou que se desvincula do acordo militar firmado para prevenir escaladas de agressões armadas acidentais entre os dois países.
O comando general do Exercito Popular da Coreia do Norte emitiu um comunicado abandonando por completo as medidas de salvaguarda que executava nas questões de trocas e cooperação militar entre o Norte e o Sul.
Pyongyang reiterou que lançará prontamente um ataque se navios da Coreia do Sul transpuser as fronteiras marítimas. A decisão de Pyongyang – que constitui mais um passo na espiral em crescendo de tensão na região desde há dois meses – foi tomada no mesmo dia em que Seul conduz um grande exercício de tácticas anti-submarinas nas águas disputadas da península coreana.
O exercício naval, visa treinar a marinha sul-coreana a detectar incursões nas suas águas territoriais por parte de submarinos norte-coreanos – e irá irritar ainda mais o regime de Pyongyang, que já cortou praticamente todos os contactos com o país vizinho e antigo rival de guerra no conflito de 1950-53.
Os dois países, de tradicionais difíceis relações, entraram num ciclo de retaliações mútuas desde o naufrágio da corveta sul-coreana, a 26 de Março passado, em que morreram 46 dos 104 marinheiros a bordo.
Há cerca de uma semana, uma comissão internacional de peritos concluiu que o afundamento se deveu ao disparo de um torpedo por um submarino norte-coreano.
A mensagem militar norte coreana, transmitida pela rádio estatal, sublinha ainda que os navios e os aparelhos sul coreanos deixam de poder passar pelo espaço territorial do norte.
Pyongyang acentua que pode impedir o acesso para e de um complexo industrial na cidade norte coreana de Kaesong, podendo implicar a imobilização de centenas de trabalhadores sul coreanos.
A mensagem desta quinta-feira é o mais recente incidente inter coreano desde a cimeira de 2000 realizada para minorar as tensões e encorajar as trocas entre as duas partes.
Yang Moo-jin um professor da Universidade de Estudos Norte Coreanos em Seul afirma que o Norte está a jogar forte.
Yang refere que as acções da Coreia do Norte bloqueiam a troca de pessoas e de recursos entre as Coreias, constituindo verdadeiramente uma paralisação.
As visitas regulares de sul coreanos à fortemente armada zona de fronteira foram abruptamente canceladas por razoes de segurança, após o anúncio ter sido feito.
O professor Yang considera que a situação pode facilmente sofrer uma deterioração.
Yang sustenta que a luta pelo poder que se regista pode resultar naquilo que como uma das piores coisas que ocorreram desde a Guerra da Coreia.