Jovens sentem-se órfãos nas presidenciais egípcias
No Egipto, a juventude deverá participar em grande número nas eleições para o seu primeiro presidente da República desde o derrube de Hosni Mubarak. Mas muitos dos jovens activistas que tomaram parte na rebelião do ano passado dizem sentir que não estarão plenamente representados na votação.
A revolução no Egipto foi principalmente uma rebelião dos jovens – uma rejeição do velho e asfixiante governo de longas décadas. Por isso é particularmente vexatório para muitos activistas que dois dos principais candidatos presidenciais – Amr Moussa e Ahmed Shafik – estejam conotados com a velha guarda.
Num café não muito longe da Praça Tahrir, jovens que tomaram parte lá nos históricos protestos, estão agora desesperados da possível eleição de “felool” ou restos, como são conhecidos depreciativamente os membros do anterior governo.
Mostafa Abdel Rahman Kajo é um escritor e membro do Movimento Juvenil 6 de Abril, da oposição:
Mostafa disse que isso significa o fim da revolução, por que não é justo que milhares de jovens que pagaram com o seu sangue pela liberdade, igualdade social, dignidade, o pão diário e a igualdade vejam tornar-se presidente alguém contra quem lutaram.”
As outras escolhas de topo nas presidenciais parecem ser igualmente problemáticas para os jovens eleitores. Tanto Abdel Moneim Aboul Fotouh como Mohamed Morsi são islâmicos.
E desse modo alguns jovens sentem-se alienados pela lista dos candidatos presidenciais, dizendo não haver um único candidato que os represente.
Como disse o jovem Mostafa Akl “passámos noites na Praça Tahrir, mas o problema é que a revolução teve lugar sem haver uma pessoa a dirigi-la”.