Guiné-Bissau: Intervenção militar mais próxima

Presidente Raimundo Pereira (à direita) e o ex primeiro ministro Carlos Gomes Junior, cheguam a Abidjan após a sua libertação pelos golpistas. CEDAO exige o seu regresso ao poder.

Indjai responsabilizado pelo fracassao das negociações. Chefes de estado vão reunir-se ainda esta semana

Fracassaram negociações entre CEDEAO e golpistas

A possibilidade de uma intervenção militar na Guiné-Bissau está agora mais próxima depois de terem fracassado negociações entre a Comunidade de Estados da África Ocidental, CEDAO, e representantes dos militares que tomaram o poder em Bissau.

A CEDAO culpou directamente o Chefe de Estado-maior General das Forcas Armadas, general António Indjai, de ser o responsável pelo impasse afirmando ser ele que "não deseja negociar e prefere claramente enfrentar as consequências”.

Os chefes de estado dos paises envolvidos na questão vão agora reunir-se para decidir sobre os próximos passos.

O pomo da discórdia assenta na exigência da Comunidade dos Estados da Africa Ocidental no regresso à normalidade constitucional, pressupondo o retorno de Raimundo Pereira ao cargo do Presidente da Republica Interino, deixando também em aberto a participação de Carlos Gomes Júnior no projectado Governo de Transição.

Mas o Comando Militar quer que Serifo Nhamadjo, actual Presidente interino da Assembleia Nacional Popular, assuma interinamente a Chefia de Estado durante o período transitório.

  1. Face a este quadro de posições antagónicas entre as partes, a CEDEAO considera que o Comando Militar não deseja negociar, referindo directamente o Chefe de Estado-maior General das Forcas Armadas, António Indjai, de preferir enfrentar as consequências das sanções já em vigor.


Entre as sanções impostas, figuram a interdição de viagens aos elementos militares e civis envolvidos da subversão da ordem constitucional, congelamento dos seus bens individuais, como também sanções diplomáticas à Guiné-Bissau que aliàs ficou suspensa de todas as organizações internacionais desde a meia-noite.

As sanções entraramem vigor como resultado do fracasso de negociações de doze horas entre o grupo de contato da CEDEAO, representado pelo Presidente da Gambia, Yahaia Djeme, enquanto anfitrião da reunião, e o Comando Militar, que se fez representar por Dahaba Na Walna, porta-voz do Estado-maior, Celestino de Carvalho, da Forca Área, e Sanha Cluse, da Marinha Nacional.

Na reunião de Banjul, capital gambiana, também estiverem presentes representantes dos candidatos às presidenciais de Março passado, de partidos políticos, incluindo o PAIGC, e o bispo de Bissau.

Ainda não há reações a esta nova etapa da crise guineense. Mas em Bissau, já se encontra a Comissão Técnica Civil da CEDEAO, cuja missão visa discutir e definir uma abordagem clara e mais eficaz para o período de transição de doze meses estipulado pelos Chefes de Estado da Comunidade, isto no quadro do retorno a normalidade constitucional, tanto assim que tal quadro será determinado em função das contribuições e envolvimento dos atores políticos e sociais, porquanto os militares guineenses marcaram o retorno as casernas, com a esperada, e a qualquer momento, da chegada da Forca de Estabilização da CEDEAO, composto de 638 homens.

Uma decisão que visa substituir, no terreno, a Missão Angolana de Apoio ao processo da reforma nos Sectores da Defesa e Segurança (MISSANG), enquanto uma das questões apresentadas pelo Comando Militar como razão do seu levantamento.

De referir que, segundo a declaração da reunião de Banjul, o grupo de contacto, recordo, composto por sete países africanos da Africa Ocidental, vai reportar ao Presidente do Grupo, o Chefe de Estado da Nigéria Goodluck Jonathan, o resultado do encontro. E de seguida, a Cimeira de Chefes de Estado do grupo de contacto vai reunir-se dia 03 de maio "para tomar quaisquer outras medidas necessárias, incluindo o uso da força ".