ONU: Preços dos alimentos atingem níveis alarmantes

  • Renata Torres

ONU: Preços dos alimentos atingem níveis alarmantes

Produtos tais como cereais, carne e lacticínios alcançaram um máximo em Fevereiro depois de oito meses em alta.

As Nações Unidas advertiram que o preço dos alimentos está a alcançar níveis alarmantes.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, diz que produtos tais como cereais, carne e lacticínios alcançaram um máximo em Fevereiro depois de oito meses em alta.

A organização afirma ainda que os preços podem subir mais por causa da situação política no Médio Oriente e no Norte da África.
O preço dos alimentos alcançou o seu maior nível desde que a ONU começou a medi-lo há duas décadas.

O principal economista da agência, Abdolreza Abbassian, diz que com excepção do açúcar, alimentos básicos, como trigo, carne e lacticinios estão a subir bastante desde Junho passado: “ atingimos patamares históricos. No mês de Fevereiro houve uma nova alta. Podemos concluir que calculando esses valores em termos reais, corrigindo a inflação, o preço dos alimentos alcançou um novo escalão”.

Esse aumento está entre as causas dos protestos que aconteceram no Egipto e na Tunísia.

Mas, Abbassian diz que o aumento do preço do petróleo devido à crise na Líbia tem contribuído para que a situação fique ainda pior: “ uma das ligações mais fortes entre os alimentos e o sector de energia são os bio-combustíveis. Quer isso dizer que com a alta do petróleo, há muito mais incentivos para produzir bio-combustíveis, o que significa usar mais produtos agrícolas”.

Economistas afirmam que foi o que aconteceu em 2007 e 2008, quando a subida do preço do petróleo aumentou a procura de bio-combustíveis como o etanol.

A organização humanitária internacional Oxfam diz que milhões de pessoas em todo mundo estão a cair na pobreza porque já não conseguem comprar alimentos básicos.

A organização está pedindo à Comunidade Internacional que diminua as especulações sobre a alta do petróleo e inverta a a procura de bio-combustíveis.

Até isso acontecer, Abbassian adverte que o preço dos alimentos vai continuar a subir: “ claro que a alta do petróleo pode ter grande efeito no sector dos cereais, principalmente nas próximas semanas e meses”.

Abbassian diz que a principal diferença entre a situação actual e a crise dos alimentos em 2008 é que o arroz, um dos principais alimentos para metade da população mundial, aumentou menos de 4% desde o ano passado. Já o preço do trigo aumentou 60% e o do milho, principal ingrediente na produção de bio-combustíveis, cresceu 93% desde o ano passado.