No Zimbabué, um tribunal acusou seis activistas de conspirarem a favor da violência pública.
Os seis réus foram presos em Fevereiro do ano passado quando assistiam na televisão as reportagens da revolta popular que derrubou o então presidente egípcio Hosni Mubarak.
Sebastian Mhofu da VOA em Harare diz que os procuradores acusam ontem os jovens de quererem incitar os zimbabueanos a exigir a demissão do presidente Robert Mugabe.
Os seis acusados foram presos em Fevereiro de 2011 na companhia de 40 outros zimbabueanos quando assistiam a cobertura televisiva da revolução egípcia. As 40 outras pessoas detidas na ocasião acabaram por ser libertadas mais tarde. Os seis activistas devem agora esperar pela sentença que deverá ser conhecida o mais tardar ainda esta semana.
Inicialmente acusados de traição passível de pena capital, os réus viram as acusações convertidas em conspiração susceptível a uma condenação de pena de prisão de perpétua.
Alec Muchadehama é advogado dos seis activistas.
“Estou muito desapontado que eles tenham sido considerados culpados.”
O advogado não quis avançar mais detalhes, e limitou-se a dizer que só comentaria no momento que o tribunal abandonar as acusações. Mas os seus constituintes, que têm negado as acusações não poupam palavras. À saída do tribunal, os seis afirmaram que iriam lutar contra a decisão.
Edisson Chakuma é um deles.
“É uma decisão política. Esperamos que talvez o Supremo Tribunal faça um julgamento imparcial.”
Tafadzwua Choto é outro dos réus.
“A luta continua. Estamos juntos. Precisamos da vossa ajuda.”
E Munyaradzi Gwisai diz não estar surpreso.
“Não é uma surpresa. Não estamos desencorajados… nem intimidados. É uma amostra do que acontece por toda a África e pelo mundo fora. A luta continua.”
A detenção no ano passado dos activistas, despoletou a condenação da comunidade internacional, quando os acusados compareceram no tribunal com sinais de maus tratos, e de terem confirmado terem sido torturados pela polícia. Os mesmos estão a processar o Estado exigindo 300 mil dólares cada, de compensação pelos danos físicos e morais.
Apoiantes dos seis réus não puderam esconder a desaprovação em relação a acusação.
Raymond Manjogwe é um sindicalista.
“O que está a acontecer aqui não é nada que um julgamento político. Não é nada que uma negação de justiça.”
Um estudante que recusou em indicar o seu nome mostrou-se incrédulo com a decisão.
“Se assistir um vídeo é um crime, então toda gente que tem uma TV deve ser presa porque está a assistir o que se está a passar no Bahrein, na Síria… É um caso claro de negação de justiça.”
No Zimbabué, os direitos humanos continuam a ser uma questão candente. A lei da era colonial e ainda em vigor considera de ilegal a reunião para debater a política sem a aprovação da polícia. Responsáveis do partido Movimento para Mudanças Democráticas acusaram as forças de segurança pro-presidente Robert Mugabe de assediar os seus parlamentares desmantelar os comícios do partido.