Na Costa do Marfim, as alegações das Nações Unidas de que o governo está a conseguir rodear o embargo internacional de armamentos, está a fazer aumentar a tensão entre os capacetes azuis e apoiantes do presidente cessante Laurent Gbagbo.
Gbagbo tentou expulsar do país a missão das Nações Unidas pouco depois de aquela ter certificado o seu rival Alassane Ouattara como vencedor das eleições presidenciais de Novembro.
A ONU recusou-se contudo a deixar o país afirmando que já não reconhecia a autoridade de Gbagbo aumentando mesmo a sua presença para proteger melhor o hotel de Outtara cercado por forças governamentais.
No momento em que as forças governamentais se confrontam com rebeldes pró-Ouattara junto à fronteira com a Libéria e os confrontos em Abidjan entram na segunda semana, o governo de Gbagbo está a incrementar a sua campanha para identificar as Nações Unidas como inimigas do povo marfinense.
Quanto o secretário-geral da ONU Ban Ki-moon acusou Gbagbo de violar o embargo de armamentos recebendo helicópteros da Bielorrússia, um porta-voz do governo afirmou tratar-se de uma mentira para justificar um ataque da ONU contra apoiantes e Gbagbo.
Charles Ble Goude afirmou que os capacetes azuis estavam a fazer a guerra pelos rebeldes. Goude acrescentou tratar-se de uma repetição daquilo que se passou com tropas da ONU na Libéria, no Congo e o Ruanda, dizendo que o mesmo não seria permitido na Costa do Marfim.
Goude apelou entretanto aos apoiantes do governo para bloquearem as movimentações dos capacetes azuis e pelo menos 3 soldados da missão da ONU foram feridos a tiro. Segundo o porta-voz da ONU, Keneth Blackman, a situação está a deteriorar-se rapidamente: "dispomos de informações dignas de crédito de que Gbagbo está a armar civis. Isso é extremamente alarmante. Nesse caso os civis armados são considerados combatentes. Acho portanto que se trata de um desenvolvimento alarmante e que dificulta muito o nosso trabalho.”
Blackman acrescentou que, apesar de tudo, os capacetes azuis estão empenhados em cumprirem inteiramente com o seu mandato: “ de acordo com as regras que regem a presença das forças da manutenção da paz no país, elas podem recorrer à força em auto-defesa, para proteger pessoal e material da ONU e para garantir a liberdade de circulação. Elas vão aplicar sem dúvida todas essas regras.”
Enquanto isso o secretário-geral da ONU ordenou aos capacetes azuis que tomassem todas as medidas, no âmbito do seu mandato, para garantir que os helicópteros bielorrussos assim como outros armamentos não fossem utilizados. Contudo uma equipa da ONU destacada ontem para Yamoussoukro para investigar esse caso foi impedida de entrar no aeroporto local por apoiantes de Gbagbo.