Um número crescente de estudantes africanos do ensino primário tem-se mostrado ávido para aceder as escolas secundárias. Mas a melhoria do sistema de educação pode significar mais despesas e muitos governos estão com dificuldades em gerir a situação.
Especialistas em desenvolvimento afirmam haver muito poucas oportunidades para esses jovens, uma vez que os investidores não se mostram interessados em gastar dinheiro em países com baixo nível de preparação e experiência profissional.
Os sistemas de educação em África estão a sofrer um problema que se agrava a cada dia que passa. O número crescente de novos estudantes perante a estagnação do número de professores e de infra-estruturas, que infelizmente não podem absorver a procura.
Os educadores afirmam que 80 por cento dos estudantes africanos está em vias de concluir os estudos primários, um avanço obtido graças aos esforços dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Um programa que propõe a universalização da educação primária até o ano de 2015.
O presidente da Organização para a Aprendizagem da Commonwealth, John Daniel diz que esse sucesso está a trazer novos desafios.
“Os países africanos conseguiram em 10 anos atingir o que países desenvolvidos levaram cem anos a conseguir há dois séculos. E eles não dispõem de muitos recursos para assegurar o ensino secundário.”
Os especialistas de desenvolvimento afirmam que o ensino secundário é essencial se África deseja melhorar os padrões e níveis de vida dos seus habitantes. John Daniel diz que a educação secundária tem-se revelado como de resultados significativos sobretudo para as meninas e jovens raparigas.
“Miúdas com acesso ao ensino secundário… há em percentagem uma média mundial de 1,8 pontos, menor em relação a aquelas que não tiveram. Esta é uma diferença de dois ou 3 mil milhões da população mundial até 2050. Há um pesquisador em educação, Joel Cohen que diz que doravante a educação das meninas é o melhor caminho para reduzir o crescimento da população e as mudanças climáticas.”
Mas a construção de um sistema de educação para jovens e adultos é dispendiosa. John Daniel adianta que em países industrializados o custo do ensino secundário representa quase o dobro dos gastos do ensino primário. Acrescenta ainda que em África é as vezes duas ou três vezes mais caro. E no Uganda, por exemplo é oito vezes do custo do ensino primário.
A Organização para a Aprendizagem da Commonwealth propõe escolas abertas, com recurso as novas tecnologias incluindo os telemóveis. Os curricula das escolas secundárias poderão ser definidos e partilhados entre escolas sem custos de propriedade intelectual.
É exactamente isto o que está a ter lugar a nível de um projecto envolvendo 6 países da Commonwealth que desenvolvem e partilham as matérias de estudos – Botswana, Lesotho, Namíbia, Seychelles, Zâmbia e Trinidad e Tobago.
“Suponhamos que as Seychelles estão a preparar aulas de geografia. A geografia das Seychelles é diferente em relação por exemplo a da Namíbia, mas haverá alguns pontos em comum. Os professores na Namíbia podem pegar neles e associar as especificidades do país, e ter bons curricula por preço mais baixo.”
Os especialistas indicam que a melhoria das tecnologias de Internet e dos telemóveis está a tornar o ensino a distancia mais barato em relação ao ensino convencional. Algumas escolas secundárias em África estão a considerar o uso de telemóveis para contactar com os estudantes que não podem comparecer as aulas normais. Em vez disso, eles receberão as lições através de mensagem de voz e até mesmo fazer as provas através de telefone.