O ministério público na Huíla já ouviu os dez criadores tradicionais detidos no último fim-de-semana no município dos Gambos acusados de terem deitado abaixo uma cerca colocado na zona de transumância pelo fazendeiro António Bicho.
A Voz da América apurou que a advogada de defesa Ana Celeste, tenta na procuradoria junto da polícia de investigação criminal conseguir a soltura dos detidos.
Entre os familiares dos detidos reina o desespero. Benvida Tchaundjai deseja ardentemente ver o esposo solto e fala do sacrifício que teve de consentir para seguir o marido ora preso.
“Sinto-me mal porque as crianças ficaram em casa abandonadas e eu estou aqui a espera do meu marido que está na cadeia condenado pelo Sr. Bicho”.
António Bicho fazendeiro que está na origem das detenções é duramente criticado entre os criadores tradicionais. Acusam-no de insensibilidade e um autêntico carrasco na zona da Tunda dos Gambos.
“Lamento bastante e gostaria dizer que se o Sr. Bicho é uma pessoa humana! …O povo não pode sofrer perante o Sr. Bicho”.
Entre os detidos encontram-se dois idosos com mais de sessenta anos de idade.
O padre Jacinto Pio Wakussanga da ACC, lamenta que as detenções não tiveram em conta a avançada idade dos mais velhos.
Segundo o prelado a organização de defesa dos direitos humanos sempre alertou para que se não ocupasse o corredor no centro da polémica.
“Nós sempre chamamos atenção, primeiro para que não se ocupasse o corredor, mas contra o nosso aviso o fazendeiro ocupou o corredor sem a autoridade competente impedir isso. Ocupado o corredor o fazendeiro começou a pressionar as comunidades para que não passassem por aquele corredor porque agora que ocupou à força o corredor e dizia que era propriedade sua”.
Continua a polémica a volta da detenção de dez criadores tradicionais no município dos Gambos acusados pelo proprietário da fazenda Kamphanda, António Bicho de terem rompido a cerca da rota de transumância do gado.