Uma estrela que tem o seu espaço e que sempre será uma referência na música, em especial a chamada música de misturas, é como colegas se referem a Sara Tavares, a artista luso-cabo-verdiana, falecida no dia 19 de novembro em Lisboa, Portugal.
Miroca Paris e Luiz Caracol não poupam elogios à cantora que chamou a música, ofereceu Balancê, Mi Ma Bô, Xinti, Fitxadu e Kurtido durante uma carreira de 30 anos, desde que impressionou a audiência com One Moment in Time, um tributo à americana Whitney Houston.
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Natural de Lisboa, onde nasceu a 1 de fevereiro de 1978, filha de cabo-verdianos, Sara Tavares deixou impressões marcantes em todos que privaram ou trabalharam com ela.
O artista português Luiz Caracol é um deles, e durante anos integrou o grupo que acompanhou a artista.
"Um momento difícil para nós que estivemos muito perto dela em muitos momentos importantes, outros mais alegres, outros mais tristes... vai ser uma saudade eterna que vai ficar", conta Caracol no programa Artes, da Voz da América, em que destaca o fato de Sara "ser muito transparente, que não tinha problemas, de pudor em expressar o que sentia, era uma pessoa muito profissional, tinha uma enorme capacidade de trabalho, mas ao mesmo tempo tinha uma grande intuição como pessoa".
Por isso, aquele músico lembra que as pessoas que iam vê-la não "podiam ficar indiferentes àquela sua energia, a magia que ela carregava, não só em cima do palco, mas fora".
Em tempos que a memória parece ser curta, Luiz Caracol lembra que quando hoje se fala de música de mistura, mestiça, Sara Tavares "foi uma das primeiras pessoas a usar música crioula com música urbana, world music, coisas de Lisboa, coisas de Cabo Verde, de Moçambique, de Angola, ela conseguiu de uma maneira muito bonita colocar o mundo lusófono na música dela", sem dúvida a grande marca da artista.
Das músicas dos bares para os maiores palcos do mundo
"Ela foi buscar-me aos bares de Lisboa onde tocava, e aprendi muito, muito com ela, e se estou neste momento onde estou é graças a ela", a "mana Sara", começa por lembrar o músico cabo-verdiano Miroca Paris, que andou "mundo afora" com a artista agora falecida.
Paris, que acompanhou Cesária Évora por anos e tocou com Madona, e hoje tem uma carreira a solo, diz no programa Artes, que a Sara Tavares destacou-se pela "sorriso fácil, energia super positiva, sempre com uma boa mensagem, partilhava tudo, não tinha cortinados, ela abria-se toda, partilhava a parte musical, a parte espiritual, a parte intelectual, a parte musical".
Miroca, que se deslocou da Holanda, onde estava em concertos, para assistir o funeral de Sara Tavares destaca a "parte profissional, que era só talento, era muito inteligente, grande compositora, poesia muito forte".
Produtora, compositora, instrumentista e cantora, Sara Tavares deixou o seu perfume pelo mundo todo e, para Miroca, "graças a Deus que ela apareceu... e ela me deu outro nível, me educou musicalmente..."
Sobre o legado, Miroca Paris conclui que "Sara tem o lugar dela, foi pioneira e inovadora antes de falar de igualdade de género ou de representatividade, conhecia muito Lisboa, conhecia Cabo Verde, ela nunca se esqueceu de onde veio, Sara foi a vanguarda de Lisboa da atualdiade, foi guia e a grande inspiradora para a geração das cantautoras, uma referência numa época em que a música cabo-verdiana e portuguesa era quase toda ela dos homens".
Miroca Paris e Luiz Caracol foram os convidados do programa Artes.
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