Em Moçambique questiona-se se o apelo do Presidente, Filipe Nyusi, às forças armadas para elevarem a sua prontidão combativa significa que a pretensão da RENAMO de criar regiões autónomas é uma ameaça à paz, uma vez que o país não corre o risco de uma invasão.
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Num encontro que teve, recentemente, com oficiais militares, Filipe Nyusi disse que as forças armadas moçambicanas devem estar à altura de responder aqueles que pretendem promover mudanças inconstitucionais no país.
O jornal Catembe, num artigo assinado por José Alves, diz que esta é uma clara referência à Renamo e ao seu líder, que pretendem autonomizar algumas províncias do centro e norte do país e ameaçam governá-las à força, caso o seu projecto seja chumbado no Parlamento.
Mas o jurista Filimão Swázi, membro do Conselho Superior da Magistratura Judicial, diz que Nyusi falou na sua qualidade de Comandante em Chefe das Forças Armadas de Moçambique, e o seu discurso não tem nenhuma relação com as pretensões da RENAMO.
De acordo com o jurista, quando o Presidente da República visita o Estado Maior General das Forças Armadas de Moçambique e diz que estas têm que estar em prontidão combativa, "é que elas as forças têm que estar em prontidão combativa em todo o mundo".
Referiu que até no Vaticano, esse Estado que até quase se confunde com a própria Igreja Católica, o exército que está lá, "está sempre em prontidão combativa e se não estivesse em prontidão combativa, de nada valeria a sua existência".
Na sua opinião, se o exército tiver que existir e não for capaz de estar atento e preparado para qualquer situação de invasão do território ou uma questão de violação de uma série de pressupostos da nossa coexistência como Estado, "então não vale a pena termos as forças armadas moçambicanas".
"Não vejo que exista uma relação directa entre a visita do Chefe de Estado ao Estado Maior General das Forças Armadas de Moçambique e a afirmação segundo a qual elas têm que estar em prontidão combativa e o facto de o líder da RENAMO estar a ameaçar que vai atacar o País se a Assembleia da República não aprovar o seu projecto de autarquias provinciais", realçou Filimão Swázi.
O analista Tomás Rondinho acha que mesmo que a Renamo não seja capaz de governar nas provinciais onde reclama vitória eleitoral, é preciso privilegiar o diálogo como forma de resolver a tensão política que se vive no país.