Companhias aéreas, bancos, canais de televisão e muitas empresas de todo o mundo enfrentam um dos maiores apagões tecnológico dos últimos anos, aparentemente causada por uma atualização de um programa antivírus.
As principais companhias aéreas dos EUA suspenderam inicialmente todos os voos devido a um problema de comunicação, embora a American Airlines tenha dito mais tarde que tinha restabelecido as suas ligações aéreas.
Aeroportos em muitos países informaram que os sistemas de check-in não funcionam e que o procedimento é feito manualmente e advertiram para muitos atrasos.
A Microsoft comunicação que, ao fazer numa atualização técnica no seu site, alguns problemas começaram às 19 horas UTC (Tempo Universal Coordenado, nas siglas em inglês) de quinta-feira, 18, afetando os utilizadores da sua plataforma Azure que executa o programa informático de cibersegurança CrowdStrike Falcon.
“Recomendamos aos clientes que possam restaurar a partir de um backup anterior a esse período”, informou a gigante norte-americana de programas informáticos.
O presidente e diretor executivo da CrowdStrike, George Kurtz, disse na plataforma de redes sociais X que os clientes foram “afetados por um defeito encontrado numa única atualização de conteúdo para hosts Windows”.
“O problema foi identificado, isolado e foi implementada uma correção”, concluiu.
As ações da CrowdStrike caíram 20% nas negociações antes da abertura do mercado nesta sexta-feira.
"Causa comum"
De Amesterdão a Zurique, em todos os continentes, os aeroportos reportaram problemas com os seus sistemas de check-in.
“Estou no limbo sobre quanto tempo terei de esperar aqui”, disse o passageiro Alexander Ropicano à AFP, enquanto aguardava no aeroporto de Sydney, na Austrália.
O jovem de 24 anos, que voava para Brisbane para ver a namorada, afirmou que a companhia aérea lhe informou para “esperar até que o sistema esteja novamente operacional”, mas não deu indicação de quanto tempo isso pode demorar.
As empresas de comunicação social também estão a lutar com a Sky News no Reino Unido e inormou que a falha impediu as suas transmissões matinais, enquanto a ABC da Austrália, da mesma forma, relatouuma grande "interrupção" dos programas.
Alguns bancos relataram dificuldades no processamento de pagamentos digitais, operadoras de telemóveis foram interrompidas e o atendimento ao cliente em várias empresas ficou impossibilitado.
Maior resiliência e menos dependência
A origem do apagão levou alguns especialistas a apelar a uma maior resiliência nas redes e a questionar a dependência de um único fornecedor para uma tal variedade de serviços.
“Precisamos estar cientes de que este tipo de programa pode ser uma causa comum de falha em vários sistemas ao mesmo tempo”, disse o professor de engenharia de software John McDermid, da Universidade Britânica de York.
“Precisamos de conceber infraestruturas para serem resilientes contra estes problemas de causa comum”, acrescentou.
Voos restabelecidos
Os aeroportos e as companhias aéreas foram os mais afetados, com as companhias aéreas dos EUA paralisadas na manhã desta sexta-feira.
Todos os voos “independentemente do destino” foram suspensos devido a “problemas de comunicação”, informou a FAA em comunicado às companhias aéreas.
No entanto, a American Airlines disse mais tarde que a partir das 9 horas UTC "conseguimos restabelecer a nossa operação em segurança".
“Pedimos desculpa aos nossos clientes pelo incómodo”, apelou a companhia aérea.
Os principais aeroportos, incluindo Berlim, que anteriormente tinham declarado que todos os voos tinham sido suspensos, disseram que os estão a ser retomados gradualmente após o “problema técnico”.
Todos os aeroportos de Espanha estavam a enfrentar “interrupções” devido a uma interrupção informática, disse a operadora aeroportuária Aena.
O aeroporto de Hong Kong disse ainda que algumas companhias aéreas foram afetadas e a empresa gestora emitiu um comunicado no qual relacionou a interrupção com um problema da Microsoft.
A maior operadora ferroviária da Grã-Bretanha alertou para possíveis cancelamentos de comboios devido a problemas informáticos.
O Coordenador Nacional de Cibersegurança da Austrália afirmou que a “interrupção técnica em grande escala” foi causada por um problema com uma “plataforma de software de terceiros”.
A agência francesa de cibersegurança ANSSI disse estar “totalmente mobilizada” para identificar e apoiar as pessoas afetadas.
“Não há provas que sugiram que esta interrupção seja o resultado de um ciberataque”, concluiu.
No Brasil, usuários reclamam que apliações de bancos estão fora do ar.
Alguns bancos da África do Sul anunciaram que enfrentam problemas, com muitos os serviços afetados.
Na França, o comité organizador dos Jogos Olímpicos de Paris informou que enfrenta alguns problemas de TI, a uma semana do início das competições.
A venda de bilhetes, no entanto, não foi afetada.