A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, planeia realizar um comício com o seu vice-presidente na terça-feira, 6 de agosto, em Filadélfia, de acordo com duas fontes familiarizadas com o tema.
O comício vai marcar o início de uma digressão de campanha a dois em sete Estados, que inclui o oeste do Wisconsin, Detroit, Raleigh, Savannah, Phoenix e Las Vegas.
Esta semana é, portanto, crucial para a campanha de Harris, num momento em que a busca do companheiro de corrida se intensifica.
O nome do vice-presidente da presumível candidata democrata à Presidência deve ser anunciado nos proximos dias, frente a um calendário apertado.
A mudança indica que o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, é o favorito para ser o companheiro de corrida de Harris, disseram as fontes. A campanha havia dito que a democrata não tinha feito uma escolha.
Há muita especulação sobre quem será selecionado, com os observadores políticos a sugerirem que a escolha provável será um homem branco com experiência executiva "para além do Beltway" - ou seja, fora de Washington.
A escolha é fundamental para a campanha, visto ser uma oportunidade de alargar o eleitorado. Não é de estranhar, portanto, que os comentadores esperem que a escolha de Harris venha de uma zona mais republicana do que do seu estado natal, a Califórnia, um bastião democrata.
Com a saída tardia de Biden da corrida, Harris enfrenta um “calendário comprimido” de apenas algumas semanas, diz Joel Goldstein, um estudioso de vice-presidências na Universidade de Saint Louis.
Com a saída do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, que decidiu abandonar a corrida, restam algumas escolhas. Três são governadores democratas: Josh Shapiro, da Pensilvânia, Andy Beshear, do Kentucky e Tim Walz, do Minnesota. Mas há mais.
Josh Shapiro
Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, fala durante uma conferência de imprensa em Filadélfia, terça-feira, 30 de julho de 2024
Uma das principais escolhas potenciais é Josh Shapiro, o governador de 51 anos da Pensilvânia.
A sua inclusão na lista de candidatos seria uma forte aposta nos votos cruciais do colégio eleitoral do seu estado, uma vez que a Pensilvânia é um dos estados mais importantes nestas eleições.
Shapiro, um orador eficaz e um centrista político assertivo, foi eleito governador em 2022, quando enfrentou um candidato de extrema-direita apoiado por Donald Trump.
Shapiro foi anteriormente procurador-geral da Pensilvânia, função na qual denunciou a má conduta sexual de padres católicos contra milhares de crianças e processou a Purdue Laboratories, fabricante do opióide altamente viciante OxyContin.
Andy Beshear
O Governador do Kentucky, Andy Beshear, discursa no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Wayland, em Wayland, na sexta-feira, 26 de julho de 2024
Andy Beshear, o governador do Kentucky, de 46 anos, ganhou a reeleição em novembro passado, fazendo campanha sobre o direito ao aborto contra um candidato apoiado por Trump.
Beshear poderia trazer votos do seu estado, localizado na extremidade do Rust Belt - uma grande parte dos Estados Unidos marcada pelo declínio do aço e de outras indústrias - que poderia formar um equilíbrio com a afluente Califórnia, o estado natal de Harris.
Quando questionado na MSNBC, na segunda-feira de manhã, sobre a possibilidade de ser considerado para vice-presidente, Beshear respondeu simplesmente: "Se alguém nos chama a atenção para isso, o que devemos fazer é, pelo menos, ouvir".
Beshear também criticou a escolha de Trump para vice-presidente, J.D. Vance, que foi eleito senador pelo estado vizinho de Ohio, mas tem avós do Kentucky.
Tim Walz
Governador do Minnesota, Walz
O governador do Minnesota é atualmente presidente da Associação de Governadores Democratas. Com 60 anos, Walz foi criado numa pequena cidade do Nebraska.
Como companheiro de corrida de Harris, Walz poderia ajudar os democratas a obter apoio nos estados em conflito, apelando aos eleitores da classe trabalhadora, brancos e rurais que se afastaram do partido republicano.
Os eleitores do Minnesota não escolhem um candidato presidencial republicano desde Richard Nixon, em 1972, mas Trump afirmou querer ganhar no Minnesota.
Mark Kelly
O senador Mark Kelly, D-Ariz, fala sobre a fronteira sul do lado de fora da Ala Oeste da Casa Branca, terça-feira, 4 de junho de 2024
Mark Kelly, um antigo astronauta e capitão da Marinha dos EUA, de 60 anos, é senador pelo Arizona desde 2020.
Ele representa outro estado indeciso que Biden venceu por pouco sobre Trump em 2020; a margem entre eles foi a mais estreita em todo o país.
A campanha de Kelly para o Senado foi particularmente notável devido aos seus esforços para promover o controlo de armas. A sua mulher, a antiga congressista democrata Gabrielle Giffords, quase morreu em 2011 quando foi baleada na cabeça à queima-roupa enquanto se reunia com os seus eleitores em Tucson.
Pete Buttigieg
Secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, no Departamento dos Transportes dos EUA, terça-feira, 23 de julho de 2024
Pete Buttigieg, ex-oficial da marinha, do Indiana, desempenha o cargo de ministro dos Transportes dos Estados Unidos. Nomeado aos 38 anos, é também o membro mais jovem do Gabinete da administração Biden e a pessoa mais jovem de sempre com a pasta dos transportes.
Buttigieg concorreu às primárias presidenciais do Partido Democrata de 2020. Tornou-se um dos primeiros homens abertamente homossexuais a lançar uma campanha presidencial de um grande partido.
O ministro, que reune o apoio de vários doadores, nunca descartou a possibilidade de ser o candidato de corrida de Harris.
Buttigieg, antigo presidente da câmara de South Bend, Indiana, seria o primeiro candidato a vice-presidente abertamente homossexual.
Geografia no topo das prioridades?
Shapiro e Kelly são oriundos de estados indecisos, campos de batalha críticos em que a eleição está dependente - enquanto Beshear está no seu segundo mandato no Kentucky, um estado seguramente republicano.
O Minnesota de Walz tem uma demografia semelhante à dos vizinhos centrais do Midwest, Michigan e Wisconsin.
Desde que o Presidente Joe Biden abandonou a corrida à Casa Branca, a Vice-Presidente Kamala Harris começou a criar a sua própria narrativa em torno da economia. Está a dar ênfase ao fim da pobreza infantil, à promoção dos sindicatos, à redução dos custos da saúde e dos cuidados infantis e à proteção da "dignidade" na reforma.
Se ganhar em novembro, Harris fará história como a primeira mulher, a primeira pessoa de ascendência sul-asiática e a segunda pessoa (e primeira mulher) negra a servir como presidente dos EUA, depois de Barak Obama.
c/ reuters e AFP