Antigo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral condenado

Juiz Sérgio Moro com mão pesada

Sentença de 14 anos e dois meses de prisão no primeiro de 10 processos

A justiça federal brasileira condenou nesta terça-feira, 13, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral a 14 anos e dois meses de prisão por crimes de corrupção passiva (crime cometido por funcionário público contra a administração) e de lavagem de dinheiro.

A decisão foi proferida em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, revelou o jornal o Estado de São Paulo.

Segundo a decisão do juiz, as investigações mostraram que empresas fornecedoras da Petrobras eram usadas para pagar de forma indevida a dirigentes da empresa e também para corromper agentes políticos e financiar partidos políticos.

Sérgio Cabral teria recebido luvas da empreiteira Andrade Gutierrez no contrato de terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ).

O ex-governador foi acusado de receber 2,7 milhões de reais (cerca de um milhão de dólares) em luvas, e de ter feito o branqueamento de 436,5 mil reais (cerca de 140 mil dólares).

Na sentença, o juiz Sérgio Moro afirmou que a actual falência do Estado do Rio de Janeiro, que tem salários de funcionários em atraso, é resultante, entre outros factores, do esquema de corrupção do Governo Cabral.

“A responsabilidade de um Governador de Estado é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crimes. Não pode haver ofensa mais grave do que a daquele que trai o mandato e a sagrada confiança que o povo nele deposita para obter ganho próprio. Ademais, as aludidas circunstâncias da cobrança da vantagem indevida, que se inserem em um contexto maior de cobrança de propina sobre toda obra realizada no Rio de Janeiro, indicam ganância desmedida, o que também merece reprovação especial”, afirmou Moro.

A esposa de Cabral, Adriana Ancelmo, que chegou a ser presa preventivamente na operação Lava Jato, foi absolvida das acusações neste processopor falta de provas.

Colaboradores condenados

Também foram condenados pelo juiz Sérgio Moro o ex-secretário do Governo de Cabral, Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, a 10 anos e 8 meses de prisão e o assessor Carlos Miranda, a 12 anos de prisão.

Mônica Carvalho, mulher de Wilson Carvalho, foi absolvida.

Como a condenação ocorreu em primeira instância, ainda cabe recurso aos condenados.

Na sentença, o juiz Sérgio Moro determinou que eles devem continuar presos enquanto recorrem da condenação.

O ex-governador ainda responde por outros nove processos na justiça federal por práticas de corrupção na Lava Jato.