Antigo adido comercial de Moçambique em Minas Gerais condenado por lavagem de capitais

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Ex-cônsul disse desconhecer as ligações de Marcos Roberto de Almeida com o crime e que “era um homem de grande idoneidade”

O antigo adido comercial do Consulado Geral de Moçambique no Estado brasileiro de Minas Gerais, Marcos Roberto de Almeida, foi condenado a 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro pela 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, de São Paulo.

Marcos Roberto de Almeida, conhecido por Tuta, que recebeu a condenação a 27 de abril, à revelia, é apontado como um dos altos dirigentes do Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a maior rede de tráfico de drogas e outros crimes do Brasil.

Embora se desconheça se está vivo ou a viver noutro país, sendo a Bolívia um possibilidade, segundo a procuradoria, o tribunal concluiu que Tuta lavou cerca de 200 milhões de dólares (mil milhões de reais) em apenas um ano, provenientes do tráfico de droga.

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Traficante Fuminho nega declarações a jornalistas

Entretanto, no período de julho de 2018 a julho de 2019, Marcos Roberto de Almeida foi adido comercial no consulado geral de Moçambique em Minas Gerais.

Deusdete Januário Gonçalves, advogado brasileiro e ex-cônsul-honorário de Moçambique em Minas Gerais, afirmou desconhecer as ligações de Tuta com o crime, em declarações aos procuradores.

“Era um homem de grande idoneidade”, disse Januário Gonçalves no processo, citado pela imprensa, acrescentando que “desempenhava a sua função corretamente”.

Ainda segundo ex-cônsul-honorário de Moçambique em Minas Gerais, Tuta apresentou o seu registo criminal à justiça federal e à justiça mineira, antes de ser contratado.

Com a intimação para falar como testemunha de defesa de Marcos Roberto de Almeida, Gonçalves desligou-o do quadro de funcionários do consulado.

A Voz da América está a tentar obter uma reação por parte das autoridades de Moçambique.

Ligações a Moçambique

A imprensa brasileira, que cita dados do processo, afirma que Marcos Roberto de Almeida viajou várias vezes para Moçambique.

Refira-se que a 13 de abril de 2020, a polícia moçambicana deteve em Maputo, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como 'Fuminho', que também integrava o PCC.

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil disse, na altura, que a detenção de Fuminho resultou de uma ação que teve a colaboração do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América e da Polícia de Moçambique.

Fuminho, de 49 anos de idade, era considerado pelas autoridades brasileiras como o maior fornecedor de cocaína da organização criminosa com milhares de membros no Brasil e países vizinhos.