Empresários angolanos denunciam a existência de um monopólio formado por grupos empresariais estrangeiros paraa importação de alimentos, que alegadamente gozam da proteção de funcionários do Governo, excluindo nacionais de participarem nesse negócio.
Os homens de negócios pedem concurso público para compra de produtos no exterior.
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Dados recentes do Departamento de Estatísticas do Banco Nacional de Angola (BNA) indicam que o país importa anualmente, em média, 600 mil toneladas de arroz, 300 mil toneladas de coxa de frango, 14 mil toneladas de massa alimentar, sendo que, o trigo atinge á volta de 106 mil toneladas.
O negócio é dominado por apenas 15 empresas estrangeiras.
O empresário e importador de alimentos Kunhamula António reconhece dificuldades impostas por esse alegado monopólio.
"Os lobbis das importações são muito fortes, desde o tempo do Zé Du (Presidente José Eduardo do Santos) a ponto de pressionarem o poder político e lhes darem proteção a troco de interesses particulars”, diz António, acrescentando que “estão formados em grupos e os que estão longe não alcançam nada".
Francisco Lubamba, também empresário e importador da província do Cunene, diz que as empresas nacionais devem ser mais protegidas, ao contrário do que acontece atualmente
"Sei quem defende estas pessoas. Num país como nosso, com monopólios estrangeiros, vai ser difícil controlar a economia. Cada província tinha de ter um importador oficial de bens alimentares ", frisa Lubamba.
Já o empresário Bullet Salú, há 20 anos no segmento de importaçõe,s fala de más políticas do Estado na facilitação da importação para os nacionais.
" O Estado, ao invés de ajudar, prejudica o empresário nacional, enxugando tudo que poderia ajudar o importador nacional, como acesso s divisas", lamenta, afirmando que essas dificuldades não permitem ao empresário nacional importar .
O ministro da Coordenação Económica, José de Lima Massano disse na última semana aos jornalistas, que o país gasta mais de 200 milhões de dólares por ano, só com a importação de produtos que compõem a cesta básica, tendo manifestado a necessidade de acelerar a produção nacional.
O presidente da Associaçõão Industrial de Angola, José Severino, não afasta a possibilidade de negócios pertencentes a políticos e, por isso, sugere realização de concursos públicos para uma maior transparência.
Entretanto, a Voz da América contactou alguns empresários estrangeiros mas escusaram-se responder às nossas perguntas, assim como o Gabinete Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Comércio.
Entretanto, as autoridades governamentais anunciaram a implementação do Programa de Aceleração da Agricultura Familiar e Reforço da Segurança Alimentar 2023-2026, avaliado em mais de 85 mil milhões de kwanzas (pouco mais de 100 milhões de dólares) e dirigido agricultores individuais, cooperativas, associações agrícolas, micro e pequenas empresas.
O Governo justificou a medida com o facto de “a agricultura familiar desempenhar um papel fundamental no fomento da diversificação da produção agrícola nacional e no reforço da segurança alimentar, sendo responsáveis por mais de 82% dos produtos alimentares que compõem a cesta básica".