A Assembleia Geral das Nações Unidas votou nesta quarta-feira, 12, uma resolução a condenar a anexação pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia.
Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau votaram a favor da resolução, que condena a "tentativa de anexação ilegal" da Rússia de quatro regiões parcialmente ocupadas na Ucrânia e pede a todos os países a não reconhecerem a medida.
Moçambique, tal como tinha feito na anterior votação, optou pela abstenção, enquanto São Tomé e Príncipe esteve ausente.
Brasil e Portugal também votaram a favor.
No total foram 143 votos a favor, cinco contra e 35 abstenções.
Votaram contra a resolução a própria Rússia e ainda Bielorússia, Coreia do Norte, Nicarágua e Síria.
Em relação às anteriores votações, Cabo Verde manteve a mesma votação contra a Rússia, Angola, que tinha optado pela abstenção votou agora a favor, e a Guiné-Bissau votou agora pela primeira vez.
A maioria dos que se abstiveram, com a China à cabeça, é integrada por países africanos.
Ao justificar o voto do Governo angolano, a embaixadora junto das Nações Unidas disse que “votou a favor da presente resolução em conformidade com as suas convicções sobre o bem fundado do princípio sacrossanto da integridade territorial consagrado na sua própria Constituição que define Angola como um Estado unitário e indivisível, cujo território é inviolável e inalienável”.
Maria de Jesus dos Reis Ferreira citou também as provisões da Carta das Nações Unidas e do Acto Constitutivo da União Africana (UA).
A diplomata lembrou que as relações entre Luanda e Moscovo “datam desde a antiga URSS que jogou um papel determinante na nossa luta contra o colonialismo e contra a invasão do território angolano pelo exercito do regime do apartheid da África do Sul” e hoje referiu, há uma “uma estreita relação de amizade e cooperação em diversos domínios de interesse comum”.
Reis Ferreira também referiu que com a Ucrânia, que foi parte integrante da ex-URSS, “Angola tem igualmente boas relações diplomáticas”.
“Essas relações constituem um dos factos que justificam a grande preocupação constantemente manifestada pela República de Angola sobre a guerra que opõe a Federação Russa à Ucrânia e que, para além de provocar inúmeras baixas humanas, ter gerado milhares de deslocados e refugiados jamais vistos desde a segunda guerra mundial, bem como a destruição de importantes infra-estruturas do património nacional da Ucrânia, a mesma guerra tem causado igualmente sérias consequências na paz e segurança mundiais, assim como nas economias dos países no geral”, disse a embaixadora angolana que reiterou “o seu apelo às partes a cessarem as hostilidades e primarem pela resolução pacífica do conflito por via do diálogo, em pleno respeito do direito internacional”.
Maria de Jesus dos Reis Ferreira concluiu que o apelo de Luanda “está conforme com o princípio de não indiferença da UA (União Africana), assim como com os esforços para a promoção da paz e segurança em África que Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República de Angola, tem envidado na sua qualidade de Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África”.
Por seu turno, a embaixadora americana junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que “o resultado mostra que a Rússia não pode intimidar o mundo”.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse à Assembleia Geral antes da votação que a resolução era "politizada e abertamente provocativa", acrescentando que "poderia destruir todo e qualquer esforço em favor de uma solução diplomática para a crise".