Uanhenga Xitu e “O Mestre Tamoda”

Uanhenga Xitu, nome artístico de Mendes de Carvalho

Escritor, enfermeiro, antigo preso politico no Tarrafal, antigo Ministro da Saúde, é referência indispensável na literatura africana

Chama-se Uanhenga Xitu. Nome de casa e artístico do angolano Agostinho André Mendes de Carvalho, nascido em Agosto de 1924, na província do Bengo.

O escritor celebrou há poucos dias 87 anos de idade, motivo para a Mayamba Editora colocar no mercado dois dos seus vários livros: Manana e Bola com Feitiço. Para além da escrita, foi enfermeiro e passou pela prisão colonial, Tarrafal, depois de ter sido julgado pelas suas actividades políticas pro-independência de Angola.

Mendes de Carvalho visita o Tarrafal



Foi ministro da Saúde, Comissário Provincial de Luanda e também Embaixador de Angola na Alemanha. Em 2006 foi distinguido com o Prémio de Cultura e Artes na categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra.

Uanhenga Xitu e “O Mestre Tamoda”

"Mestre" Tamoda foi um dos primeiros livros de Uanhenga Xitu. Esta personagem de ficção angolana é ainda o motivo do livro Os Discursos do "Mestre" Tamoda: vai da zona rural, para a cidade, para casa de pessoas da sociedade colonial, e o que ali aprende, a ler e a escrever e os vocábulos mais difíceis que encontra em dicionários, transportará depois consigo de regresso a casa, indo alterar com a sua intelectualidade a vida da aldeia, sobretudo ao ensinar aos jovens o poder da palavra, mesmo de palavras por ele inventadas e com as quais eram desafiadas as autoridades coloniais – o professor oficial e o administrador. Todavia, a Mestre Tamoda não chegaria o saber de cor os dicionários, o falar como o colono para se libertar da condição de ser mais um dos nativos subjugados.

Uanhenga Xitu e “O Mestre Tamoda”

A obra de Uanhenga Xitu tem sido celebrada e estudada. Uma das pessoas que o estudou foi Ana Lúcia de Sá, especialista portuguesa em Literaturas Africanas. Em resultado da sua tese de mestrado escreveu “A confluência do tradicional e do moderno na obra de Uanhenga Xitu”. E é exactamente sobre a literatura de Uanhenga Xitu que Ana Guedes conversou com Ana Lúcia. Ouça aqui essa conversa.