O analista britânico Alex Vines afirmou que a nomeação de Isabel dos Santos para a chefia da Sonangol destina-se apenas a tentar reformar a indústria petrolífera que “é absolutamente necessária para a sobrevivência do MPLA e da Presidência”.
"É portanto uma medida destinada a salvar o regime totalmente dependente do petróleo", explicou o analista que é director do Departamento Africano do conhecido centro de estudos Chatham House, sediado em Londres.
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Em conversa com a VOA, Vines disse não compartilhar da opinião que a nomeação de Isabel dos Santos poderá ser o primeiro passo para uma sucessão dinástica de José Eduardo dos Santos que anunciou já que tenciona abandonar a política em 2018.
“O partido, o MPLA, seria uma barreira muito difícil para ela”, disse Vines, acrescentando haver ainda a questão da “política racial” que a impede de ser escolhida.
“Ela é mestiça e isso torna-se de imediato numa barreira difícil a ultrapassar”, considerou o analista.
“A política de raça em Angola joga um papel importante também neste caso e não se fala nisso”, acrescentou Vines, para quem a nomeação da filha de Santos está relacionada com a sua experiência empresarial.
"Isabel dos Santos tem a reputação de ser uma excelente empresária e a reforma da indústria petrolífera é absolutamente essencial para a sobrevivência do MPLA e da Presidência”, asseverou Alex Vines.
“O Presidente José Eduardo dos Santos precisa de alguém em quem pudesse confiar e ele confiou na sua filha para fazer isso”, acrescentou o analista, acrescentando que o Governo quer tornar a indústria petrolífera “mais produtiva e masi lucrativa”.
O especialista afirmou ainda que o Presidente teve a certa altura a intensão de fazer o seu filho Zenu dos Santos o seu sucessor “mas não penso que isso seja também uma opção de momento”.
Alex Vines disse também não acreditar que a decisão de nomear isabel dos Santos se destine a deixar familiares do Presidente no controlo dos principais sectores da economia.
“Sou menos cínico sobre essa decisão”, disse Vines, adiantando que “a realidade é que a indústria petrolífera de Angola está em crise”.
“A Sonangol tornou-se improdutiva e a precisar de reformas e o FMI e o Banco Mundial têm vindo há muitos anos a advogar refirmas fundamentais”, disse, afirmando que embora seja “triste” nomear a filha do Presidente, isso mostra “quão estratégica e importante é a reforma da indústria do petróleo”.
“Um outro meio de olhar para isto é ver a nomeação como algo para garantir a sobrevivência do regime”, concluiu o especialista da Chatham House.