No mês de abril, o custo de vida em Angola subiu 2,6% em comparação com o mês de março, o maior aumento desde agosto de 2016, conforme o Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em Luanda, a situação é ainda mais grave, com a subida galopante dos preços dos produtos de primeira necessidade.
Consumidores dizem que a alternativa é comprar apenas o básico.
As famílias procuram sobreviver perante o cenário bastante nubloso.
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Telma José, dona de casa, diz que com a subida de preço passou a adquirir produtos mais barato, mas teme pela má qualidade destes produtos.
“Procuro sempre alternativas mais baratas. Se antes comprava, por exemplo, um litro de leite que custava mil kwanzas e hoje custa 2.500, claro que vou optar para conseguir manter a minha sustentabilidade por uma outra marca de leite que custe no valor a que eu comprava antes. Claro que a qualidade não é a mesma, mas tento procurar sempre, se antes comprava no mercado formal, agora só somos obrigados a todos a conhecer o mercado informal e a negociar mesmo com as zungueiras os preços que também já são elevados”, explica.
Mariana José, que tem um salário de 40 mil kwanzas (cerca de 40 dólares), diz que para as compras de casa gasta mais de 80 mil kwanzas (80 dólares).
“Lidar com a crise não está ser fácil. Eu, para ir na loja, tenho que levar praticamente 70 ou 80 mil kwanzas. Mas mesmo com 80 mil kwanzas, não chega para fazer nada. Eu tenho que fazer sócia (sociedade) de arroz, eu tenho que fazer socia de massa, eu tenho que fazer socia de concha, eu tenho que pagar a propina do meu filho, eu tenho que pagar água”, afirma.
Quem propõe melhores soluções para lidar com a alta dos preços no país é o economista Fastino Mumbika, quem propõe produtos locais em detrimento dos manufaturados que acabam a prejudicr ainda mais a saúde dos consumidores.
“O grave é pensarmos que estamos a comprar o mais barato, mas que no fundo é mais caro porque dá-nos cabo da saúde, como eu disse há bem pouco tempo, as pessoas, se se lembrarem bem, sempre que comemos a nossa cabunha com folhas, etc, etc, tivemos pouca necessidade de ir ao hospital. À medida que evitamos isso e corremos para o que nos aparece à porta, portanto, estamos a ter também mais necessidade de ir ao hospital porque estamos com o organismo cada vez mais debilitado”, aponta Mumbica.
Julieta Luís, outra funcionaria, tem opinião contrária e diz que até os produtos locais estão cada vez mais caros.
“Não é que não querem comprar, também está mesmo caro esses produtos, porque praticamente tudo subiu”, lamenta.