Em tempo de campanha eleitoral, as paixões partidárias e políticas se exacerbam e, em muitos casos, colocam em causa relações entre pessoas.
E quando as paixões partidárias se distribuem de forma diferente entre membros de uma mesma família.
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Em Angola, filha num partido, mãe no outro, um irmão no MPLA, outro na UNITA, como fica a relação?
Com a campanha para as eleições do dia 24 a aumentar de intensidade, a VOA procurou respostas.
Na verdade, não é muito comum, mas ha alguns casos, como o dos irmãos Justino e Vicente Pinto de Andrade, o primeiro é do Bloco Democrático mas neste pleito está de “galo negro” ao peito, por via da Frente Patriótica Unida como candidatos a deputado pela UNITA, enquanto Vicente Pinto de Andrade é do MPLA.
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Sem gravar entrevista, Vicente Pinto e Andrade diz que há razões históricas que levariam um dia inteiro de conversa para perceber, mas garantiu que não tem problemas nenhuns de relacionamento pelo facto de ser do MPLA e o irmão estar na UNITA.
Por seu lado, Justino Pinto de Andrade assegura que tem uma relação salutar com o seu irmão, apesar de achar que está do lado errado.
"Não tenho qualquer problema do género, nem eu, nem ele (Vicente Andrade) temos uma óptima relação, é evidente que neste momento é necessário evitar-se atritos, quando nos encontramos ninguém tem o direito de perturbar o outro, em principio cada um é livre de optar o que é melhor para si, há maturidade e nós não temos qualquer atrito por isso", garante.
Veja Também Angola: Oposição quer fechar cerco à fraude eleitoral, PGR e CNE alertam para crime eleitoralOutro caso envolve três irmãos: André Gaspar Mendes de Carvalho “Miau” é da CASA-CE, Adriano Mendes de Carvalho é do MPLA e Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, conhecido como General Paka, apesar de ser do MPLA diz não se rever na actual direcção dos camaradas a quem acusa permanentemente de não serem angolanos.
General Paka entende que por terem recebido uma educação boa do pai o relacionamento é pacífico.
"Na nossa casa ninguém hostiliza o outro por defender este ou aquele partido, é óbvio que nalguns casos e porque eu sou bombástico na crítica que faço a este MPLA, o meu irmão Adriano, que serve a actual direcção do MPLA fica incomodado, não lhe cai bem, mas é assim mesmo a nossa convivência, na diferença porque o facto de sermos irmãos não faz que sejamos iguais, cada um tem uma escola mas a relação familiar é normal", conta.
Por seu lado, Adriano Mendes de Carvalho, actual governador do Kwanza Norte e primeiro secretário do MPLA naquela província, admite que não gosta da forma como o irmão critica o seu MPLA, mas não interfere negativamente na sua relação com general Paka.
"O Paka, pronto, tem a forma dele ser e eu não escondo que não gosto, mas é a forma dele atacar veementemente o meu partido e o seu líder nas redes sociais, é problema dele logicamente que me oponho a isto, mas a relação de irmãos é outra coisa, eu converso diariamente com ele e nada belisca a nossa irmandade", explica
Com outro irmão, André Mendes de Carvalho “Miau”, que pertence à CASA-CE, a relação é muito salutar, diz o dirigente do MPLA.
Outra família com membros em lados opostos é a da deputada da UNITA, Mihaela Webba, cuja mãe foi do PDA e agora é apartidária, enquanto os demais familiares são do rival MPLA, como o tio Luís Neto Kiambata.
"Nós falamos e conversamos muito bem e sobre política mesmo, não há problemas nenhuns até porque cada um tem o seu ponto de vista e respeitamos as opções partidárias de cada um, praticamente a minha família toda, tanto do lado materno como paterno, é do MPLA, se tivesse que deixar de falar por causa disso, não falaria com toda a família”, diz Webba, garantindo que a relação é salutar.