Nas últimas semanas, o Presidente angolano reuniu-se com membros de várias denominações religiosas, da área de educação, dos negócios, da cultura, turismo, entre outros setores para conversas no Palácio Presidencial.
A Voz da América falou com alguns dos convidados e observadores sobre esses encontros e as opiniões divergem.
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O presidente da Associação Nacional do Ensino Particular diz ter gostado do encontro porque "o senhor Presidente felizmente está preocupado com a estabilização do setor da educação".
António Pacavira afirma ter pedido a redução sobre o imposto industrial e acesso a financiamentos com juros bonificados.
"A indústria, a agricultura e as pescas têm juros bonificados na ordem dos sete por cento e nós também queremos, o que pode ter impacto na educação, e vai nos obrigar a estabilizar as propinas e com isso beneficiar as famílias", lembra Pacavira.
O reverendo Ntony Nzinga, que dirigiu o COIEPA, intermediário nas negociações de paz entre o Governo e a UNITA, não ficou contente com o encontro.
"Fui ao palácio, o Presidente perguntou sobre a minha saúde e sobre a igreja, respondi e a audiência acabou, não me deram tempo de falar sobre as minhas preocupações com o Presidente nem com os seus colaboradores", lamenta aquele líder religioso que, segundo diz, "queria sugerir ao Presidente e já havia falado com ele na altura em que era secretário-geral do MPLA que se está a confundir o calar das armas com a paz".
"O futuro de Angola não depende deste calar das armas, tem que haver um acordo entre todos os filhos de Angola sobre o que queremos para Angola, o que temos feito até hoje é apenas sobreviver, temos que ter um acordo", conclui.
Quem também diz não acreditar na boa fé do Presidente é o jornalista Tony Tambá.
"Eu acho isto uma anedota, uma aventura porque se fosse a sério o Presidente devia concentrar-se num instrumento que ele já tem que é o Conselho da República, não sei por quê foi criado, o Presidente devia primeiro preocupar-se com as instituições em Angola", sustenta.
Por seu lado, o Instituto para Democracia e Desenvolvimento, na pessoa do seu coordenador, afirma que é "para inglês ver, para fazer de conta que o Presidente está interessado em conselhos, quer passar a mensagem que quer auscultar as pessoas, que ouve a sociedade civil, é só ver a tamanha publicidade destes encontros na televisão, agora vejam o que o reverendo Ntoni Nzinga disse, que sequer lhe foi permitido deixar a sua preocupação ao Presidente".
Aleixo Sobrinho diz que "são encontros de faz de conta, o que o Presidente deveria fazer é ouvir todos, sentarmo-nos à mesma mesa sem sentimento de MPLA, UNITA, FNLA, apensar apenas Angola".
Embora não tenha sido convidado, o presidente da Associação Industrial Angola, José Severino, entende que o "Presidente quer mostrar que está de facto preocupado em acarinhar e apoiar o empresariado nacional, é uma iniciativa louvável porque os problemas têm que ser discutidos bilateralmente".