Luanda, 14 Dez 2010 - A associação cívica angolana “Mãos Livres” vai a intentar uma acção judicial contra o Ministério do Interior na sequência de duas cidadãs angolanas que foram atingidas a tiro pela polícia em menos de um mês. Na capital angolana várias são as vozes que se levantam sobre a falta de prestação de assistência por parte da Polícia às vítimas feitas pelos seus agentes.
Em menos de um mês duas cidadãs em Luanda foram alvejadas por agentes afectos a polícia nacional.
No passado dia 23 de Novembro, no bairro do São Paulo, uma Zungueira foi alvejada na perna, depois de desentendimentos com um membro da corporação. O mais recente caso aconteceu a a 7 do corrente, uma outra mulher na rua Ngola Kiluanji junto da fábrica CIPAL foi igualmente alvejada na perna por agente dos serviços prisionais.
Em consequência dos ferimentos sofridos, as duas cidadãs de 24 e 42 anos de idade respectivamente estão em casa, sem dinheiro e sem meios para sustentarem as famílias sob as suas responsabilidades. O grito de socorro é lançado as pessoas de boa fé, porque do estado não surgem apoios. A sociedade civil angolana já condenou o acto.
“Associação Mãos Livres” pondera intentar uma acção judicial contra o Ministério do Interior para obrigá-lo a se responsabilizar pelos actos dos seus agentes, ao que a lei chama de prestação de alimentos.
Salvador Freire secretário-geral desta associação cívica, defende a assunção dos encargos das vítimas pelo estado, durante o tempo em elas estiverem imobilizadas
Para onde caminha a nossa sociedade? A final como o cidadão deve encarar os agentes da corporação? Que medidas devem ser tomadas? Estas são as questões formuladas por muitos cidadãos.
O sociólogo João Lukombo questiona as condições em que muitos dos agentes da polícia são recrutados, a qualidade de formação e a condição social dos mesmos e chama atenção da necessidade dos órgãos competentes do estado intervirem e analisem rapidamente a situação para que se evite o pior.
Esta questão também mereceu uma abordagem psicológica. O Bastonário da Ordem dos Psicólogos Carlinhos Zassala, diz ser necessário disciplinar os agentes da corporação a evitar pânico no seio da população;
Entretanto o Comando provincial continua remetido ao silêncio e não fala sobre o assunto. Os Voz da América em Luanda sabe que os oficiais não estão detidos e aguardam pelo apuramento dos factos, que será feito através de um inquérito aberto pelo Comando Provincial da Polícia Nacional em Luanda.