Angola perdeu 400 mil postos de trabalho nos últimos quatro anos, diz centro de estudos

Manifestação contra desemprego em Luanda, Angola, 26 setembro 2020

Governo diz que números não correspondem à realidade

Numa análise com suporte em informações oficiais relativas aos últimos quatro anos, o Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC) indica que o sector formal da economia perdeu 400 mil postos de trabalho, 80% da cifra de empregos prometida pelo Presidente João Lourenço, mas o Governo angolano duvida destes números.

Your browser doesn’t support HTML5

Estatísticas indicam perca de centenas de milher de postos de trabalho – 2:22

A apreciação, desenhada mediante dados comparativos fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), aponta para a existência de 2,1 milhões de empregos no período 2020/21, contra os 2,5 milhões em 2018/2019.

Num artigo do CEIC, publicado no jornal Expansão, o economista Precioso Domingos realça a redução de 16% na quantidade de empregos formais.

Encerramento de empresas e despedimentos forçados são duas de vários conclusões a que chega o investigador, as mesmas do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), que diz não ver surpresas nestes dados.

O presidente da organização, Carlos Teixeira, em fase de preparação de um relatório sobre a desistência escolar por falta de ocupação, considera que a luta contra o desemprego é um caso perdido.

"A situação é degradante, como exemplo a delinquência aumenta, assim como o número de jovens que deixam o país à procura de melhores condições de vida", disse Teixeira, acrescentando que "se calhar o número é superior".

A VOA tentou obter uma opinião do Fórum Angolano de Jovens Empreendedores (FAJE), assumido parceiro do Governo na luta por empregos, mas sem sucesso, apesar de ter feito chegar um questionário.

A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Rodrigues Dias, abordada em Benguela num acto de entrega de kits para promoção do emprego a jovens da "Casa do Gaiato", questionou a fiabilidade do estudo do CEIC.

"Não posso confirmar esses dados, nós trabalhamos com a Inspeção Geral do Trabalho, não sei como os dados da Igreja Católica batem 400 (mil) e os nossos não”, afirmando que “os números dos outros não estão certificados", salienta.

Sobre este sector, o informal, a Universidade Católica aponta para um crescimento assustador, na ordem de 32%, a coincidir com o número de empregos formais, lembrando que o excessivo peso na economia permite tudo, inclusive, "maquilhar as taxas geral e oficial de desemprego".

Em Benguela, as ministras de Estado para a Área Social e do Trabalho, Carolina Cerqueira e Teresa Dias, procederam à oferta de material para carpintaria, serralharia, eletricidade e outras áreas, no quadro do Programa de Apoio à Promoção da Empregabilidade (PAPE).