Angola perde seis milhões de dólares em vacinas que caducaram

Imagem de arquivo de dose de vacina Covid-19

Especialistas responsabilizam Governo devido à "desorganização" do processo e compra de vacinas com prazo curto de validade

Angola perdeu o equivalente a seis milhões de dólares americanos com a inutilização, por caducidade, de 331 mil doses de vacinas, deu a conhecer, nesta semana, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República.

As vacinas em causa, segundo Francisco Pereira Furtado, não foram usadas em tempo útil porque muitos cidadãos não tomaram a segunda dose prevista.

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Os seis milhões que o país perdeu é o valor estimado da compra das doses reportadas pelo ministro.

Em Janeiro, aquele governante já tinha alertado que Angola corria o risco de perder cinco milhões de vacinas contra a covid-19, que expiram em Março , numa altura em que mais de oito milhões de pessoas não tomaram ainda a segunda dose do imunizante.

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De acordo com o jornal Expansão, imunizar a população angolana contra a covid-19 tem um custo que vai dos 151 milhões de dólares aos 3,7 mil milhões de dólares, dependendo da vacina escolhida e do grupo alvo, com base nos preços das seis vacinas que estão a ser comercializadas.

Ao falar por altura de mais uma sessão de actualização de dados sobre a covid-19, o ministro voltou a apelar para a presença dos utentes elegíveis nos postos de vacinação, com o intuito de se imunizarem e reduzirem, desta forma, o grau de exposição da doença.

O médico pediatra Luis Bernardino entende que a pouca adesão da população aos postos de vacinação deve-se à desorganização da logística de vacinação e pelo facto de o Governo ter comprado muitas vacinas que iriam caducar em pouco tempo.

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Angola perdeu milhões de dólares em vacinas caducadas – 2:46

“Há falta de organização na vacinação em todo o território nacional e isso é que explica a pouca percentagem da população vacinada porque a população está ávida de cuidados de saúde e tem confiança na vacina”, defende o especialista, que alerta que há muito mais pessoas infectadas no país do que aquelas que são relatadas nos boletins diários do Governo.

Para o activista social Bernardo Castro, "a responsabilidade última é de quem está a governar que não aplicou uma gestão vigilante das vacinas e uma mobilização efectiva, para evitar que tais danos ocorressem".

"As vacinas custaram dinheiro do povo que serviria para outros interesses”, afirma.

Dados oficiais divulgados recentemente divulgados deram conta da vacinação de 14.741.616 cidadãos, dos quais 10.303.897 estão vacinados com apenas uma dose e 4.782.837 com as duas ou a dose única.

O plano de vacinação em curso prevê imunizar cerca de 16 milhões de angolanos.

Menos restrições

Com o país a registar baixos níveis de infecção da covid-19, o Governo aligeirou as medidas de prevenção e autorizou a abertura das discotecas e bares até ao dia 28 de Fevereiro, mas manteve encerradas as praias.

Nesta quarta-feira, os governos de Angola e da Namíbia consumaram a abertura da fronteira terrestre entre os dois países, dois anos depois de ter sido encerrada devido à pandemia.

Nas últimas 24 horas, o país registou 60 casos positivos da covid-19, nenhum óbito e a recuperação de 322 pacientes, de acordo com os dados apresentados na terça-feira, 1, pela Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP).