Os partidos da oposição parlamentar em Angola manifestam reservas à volta da criação, pelo Presidente da República, de uma comissão interministerial para a institucionalização das autarquias locais.
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A UNITA, a FNLA e o PRS exigem a conclusão “urgente” do pacote legislativo autárquico ao invés do surgimento de mais órgãos administrativos que, na opinião deles, podem atrasar o processo e confundir a opinião pública sobre o imperativo que constitui a instituição do poder local.
João Lourenço criou, nesta terça, 18, a Comissão Interministerial para a Elaboração e Implementação do Plano Integrado de Institucionalização das Autarquias Locais.
A informação vem expressa numa nota de imprensa da Casa Civil do Presidente da República e adianta que a comissão foi criada na sequência do processo de desconcentração e descentralização administrativa.
“Podemos interpretar isso como um subterfúgio, uma manobra dilatória e uma fachada”, considera o secretário para a Informação e porta-voz da FNLA, Ndonda Nzinga, para quem a criação desta comissão é um argumento que visa convencer a opinião pública de que o Governo está a fazer a sua parte.
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Por sua vez, o secretário-geral do PRS, Rui Malopa, diz que “a conclusão do pacote legislativo autárquico passa pela demonstração clara de intenções e acções concretas” e que a comissão ora criada vai confundir ainda mais o processo”, arrastar a sua realização e contornar a fixação de uma data para as eleições autárquicas.
Para a UNITA, na voz do seu secretário nacional para os Assuntos Eleitorais, Francisco Mumbica, a comissão interministerial “pode ser um passo”, mas que só os actos práticos vão nos dizer se estamos na direcção certa ou não”.
Veja Também Lourenço espera consenso no Parlamento sobre autarquias; oposição responsabiliza Governo pelos atrasosMumbica diz que “ o gesto do Presidente da República é de considerar”, mas lembra que em 2012 já houve um cronograma de tarefas, aprovado para a instituição das autarquias em 2015, mas que “acabou por ser engavetado” .
“Esperamos que este exemplo de triste memória não se repita e que, com a criação desta comissão, partamos com passos firmes, mas com um cronograma claro que nos dê uma indicação precisa sobre quando é que as eleições autárquicas terão lugar”, afirma Mumbica.
Aquele dirigente da UNITA acrescenta que “tem de haver uma concertação política sobre a matéria das autarquias entre não só os grupos parlamentares, mas fundamentalmente os próprios partidos políticos e também a sociedade já que os cidadãos se podem candidatar a título individual”.
Veja Também Oposição angolana "chumba" estado da nação apresentado pelo PresidenteO documento da Presidência divulgado ontem diz que a comissão interministerial é coordenada pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida.
Como coordenador-adjunto foi indicado o ministro da Administração do Território e integra os titulares dos ministérios do Interior, da Justiça e dos Direitos Humanos e das Finanças.
Também integram a comissão os ministros da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.
Completam a comissão os secretários do Presidente da República para os Assuntos Políticos e Parlamentares e para os Assuntos de Reforma do Estado.