Angola: Organizações da sociedade civil pedem políticas inclusivas ao futuro Governo

  • Agostinho Gayeta

Cidade de Malanje em tempo de campanha eleitoral, Angola

Os sectores da educação, cultura, produção agrícola e desenvolvimento de políticas de inclusão social para valorização de grupos minoritários devem ser prioridades na agenda do Governo que sair das eleições gerais do próximo dia 24.

O apelo é de diferentes membros da sociedade civil que exigem aos políticos uma melhor abordagem aos sectores-chave para o desenvolvimento e autossustentabilidade de Angola.

Eles dizem também que as políticas públicas do Governo que resultar do pleito eleitoral devem ser mais inclusivas e abrangentes contemplando na sua materialização as pessoas portadoras de deficiência.

A Associação de Apoio aos Albinos de Angola apela a uma atenção especial às pessoas com albinismo.

Manuel Vapor, presidente da organização, dirige o seu apelo aos ministérios da Saúde, da Administração Pública Trabalho e Segurança Social, da Accção Social Família e Promoção da Mulher e dos dos Transportes porque são, segundo Vapor, os que podem dar melhor resposta aos problemas que afligem as pessoas portadoras de albinismo

“Há elementos que têm mais de 35 anos de idade e o mercado de trabalho já não os aceita e estas pessoas têm famílias e não conseguem sustentá-las. Nós sugerimos que haja um subsídio para as pessoas com albinismo e que estejam na condição de desempregados. É um pedido que vamos às instituições, como Ministério do Trabalho para se encontrar uma solução para estas pessoas”, afirma Vapor.

O membro-fundador da associação recorda que já foi recebido em audiência pelo Presidente da República, João Lourenço e pelo vice-presidente, Bornito de Sousa a quem apresentou os problemas que inquietam a associação.

“Estamos à espera até neste momento de uma resposta do senhor Presidente da República, se vai ou não apoiar”, diz.
No sector da educação, Isaac Paxe, investigador e docente do Instituto superior de Ciências da Educação da Universidade Agostinho Neto, está preocupado com a maneira como os políticos e a sociedade angolana em geral olham para sector da educação.

“Para nós que estudamos, trabalhamos a educação é dolorosa a maneira como se discute educação na nossa realidade, um tanto quanto com senso comum, por isso temos jargões como a reforma educativa falhou, a transição automática é um crime e esta maneira de olhar a educação preocupa-me” diz aquele académico por ocasião do lançamento do livro “Pecados mortais no ensino, na aprendizagem e na avaliação: Reflexões para as mudanças necessárias”, da autoria do investigador Manuel Afonso.

Paxe salienta, por outro lado, que a pessoa é medida de todas as coisas no processo educativo, pelo que esta deve estar no centro das discussões.

”Tudo pela pessoa e para pessoa. Se não colocarmos a pessoa no centro fica difícil termos uma educação de qualidade», conclui.

Quanto às promessas de alguns partidos políticos, a capacitação do capital humano é uma das apostas da FNLA para alavancar a economia nacional, no desenvolvimento do sector da produção agrícola.

Marquinha Miguel, Secretária Nacional da FNLA para Formação de Quadros, lamenta a pobreza a que está votada a maior parte da população angolana e, por isso, refere que a agricultura familiar é a solução para minimizar o problema.

Para a secretária do braço feminino do partido histórico de Angola a criação de políticas de crédito à produção agrícola e a capacitação do capital humano será prioridade do seu partido caso seja governo em 2022.

”É de lamentar em primeiro lugar, mas nós dentro do nosso programa queremos muito trabalhar no sector da agricultura familiar. Nós vamos trabalhar na capacitação do homem, dando formação técnica para que a agricultura familiar possa alimentar toda Angola, mas também criar políticas de créditos com os bancos para que o agricultor possa ter meios mecanizados para trabalhar no campo», assegura Marquinha Miguel.

Para além da aposta na qualificação dos quadros para o sector agrícola e do desenvolvimento de centros de pesquisa científica, o MPLA, partido no poder, olha para a agricultura familiar como uma das suas soluções para o aumento dos rendimentos das famílias angolanas, segundo Marcelino Sambongue.

”Queremos que a agricultura familiar deixe de ser de subsistência para agricultura de rendimentos”, diz o político em entrevista recente à VOA quando falava sobre o programa de governo do seu partido.

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