Dezenas de jovens desempregados concentraram-se recentemente à porta do local projetado para uma refinaria no Lobito, na província angolana de Benguela, gritando por uma oportunidade de emprego, enquanto o Governo e uma multinacional chinesa assinavam o acordo para a construção do empreendimento.
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Assistiu-se a mais uma concentração de jovens que deixaram o projeto após a paralisação dos trabalhos preliminares, há seis anos, mas a presença de governantes angolanos conferiu outro significado às suas exigências.
"Estamos aqui a lutar todos os dias mas nada, estudámos e terminámos o médio", foi o grito de homens e mulheres que pediam explicações para o que chamam de exclusão em detrimento de trabalhadores recrutados em outras províncias.
"Está difícil voltar a fazer parte, aí dizem que a gestão agora é outra, está a trazer mais gente do Norte”, afirma Alberto, enquanto a jovem Ana Afonso diz que “estamos aqui desde janeiro, também queremos emprego, mesmo como ajudantes”.
O ativista Júlio Lofa, membro da Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), defensor de mudanças na estratégia de comunicação, avança com algumas sugestões.
"O tempo é outro, mas deviam ter prioridade aqueles que perderam emprego, e o Governo local deve negociar para que se estabeleça uma percentagem para os jovens daqui”, sugere Lofa.
Veja Também Refinaria no Lobito reacende esperanças de emprego e negóciosAbordado a propósito pela Voz da América, o presidente da empresa chinesa CNCEC, Weng Gang, desvalorizou o cenário e revelou que haverá espaço para milhares de jovens ao longo dos 40 meses de construção.
“Pensamos que no auge da construção podemos ter 9 mil empregos, vamos priorizar os nacionais do Lobito e Benguela. Se não for suficiente vamos formar, também em outras províncias”, indica o empreiteiro.
Noutras contas, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, avança que os seis mil milhões de dólares resultam de estudos que permitiram baixar o valor do projecto, assumindo que o Estado continua a olhar para potenciais investidores.
“Mas estamos decididos a realizar o que foi aqui assinado. Continuamos a trabalhar com o Governo da Zâmbia para ver se continua o seu interesse. Existem na região outros interessados em fazer parte da estrutura accionista da refinaria”, indica o governante.
A refinaria foi projetada, há mais de quinze anos, para processar 200 mil barris de petróleo por dia, com a Zâmbia, República Democrática do Congo, Namíbia, cujo Governo pondera investir no empreendimento, e o Botswana como os principais mercados de exportação.
Entre as infra-estruturas de apoio, que estavam a ser erguidas pela brasileira Odebrecht, destaque para estradas, terminal marítimo e terraplanagem do espaço.
O contrato entre a Sonangol e a CNCEC, assinado na sexta-feira, 20, para a construção da refinaria do Lobito tem o valor de seis mil milhões de dólares.