O Relatório Global sobre Crise Alimentar (GRFC) de 2023, do Programa Alimentar Mundial (PAM) diz que 258 milhões de pessoas em 58 países do mundo, incluindo Angola, sofreram com insegurança alimentar aguda no ano passado, um aumento de 25 por cento em relação ao ano transacto.
Entre as razões da crise destacam-se os conflitos, choques económicos e condições climáticas extremas.
Angola aparece pela quarta vez consecutiva no grupo, que, segundo o documento, sofre principalmente com mudanças climáticas, mas analistas políticos dizem que, no caso de Angola, as razões são outras.
Em sete países, a situação é muito mais dramática, para além da insuficiência alimentar há registo de mortes, como na Somália, Afeganistão, Haiti, Burkina Faso, Nigéria, Sudão do Sul e Iémen.
Em Angola, a região mais afectada é o sul do pais, Cunene, Huila, Cuando Cubango e Namibe.
O pároco da Igreja Católica Padre Pio Wakussanga, que trabalha na zona dos Gambos, na Huila, diz que este ano houve casos extremos de fome.
"Tivemos uma grande estiagem no princípio de Fevereiro até 23 de Março a estiagem dizimou uma boa parte da colheita, muita gente já está à mercê da fome, os que ainda têm força de trabalho fugiram para a Namibia, deixaram
famílias vulneráveis que se remedeiam com carvão e com o pouco que restou do cultivo que é insuficiente", aponta aquele padre, quem considera que o problema não tem nada a ver com falta de recursos, nem técnico, mas de falta de vontade política.
Wakussanga entende que o Governo tem de abandonar o orgulho e decretar o estado de emergência.
"O Governo central tem de dar o braço a torcer e compreender que não é com esmolas e donativos que vai resolver o problema, ignorar o real problema só piora porque ele existe, enterrar a cabeça na areia como avestruz não resolve", concluiu aquele também líder associativo.
Por seu lado, o presidente da Associação Industrial Angolana é de opinião que a solução está na devolução dos níveis que Angola teve em produção de alimentos, tais como peixe seco rico em proteína animal e a merenda escolar para se evitar insuficiencia alimentar em crianças em idade escolar.
"É necessário pragmatismo no aumento da produção agrícola, é fundamental saber o que cada região do país pode produzir para combater esta insuficiência alimentar aguda", sublinhou José Severino.
Heitor Carvalho, coordenador do Centro de Estudos e Investigação da Universidade Lusíada de Angola considera que a produção ja existe, o que falta são os comerciantes.
"Claro que ha o problema das sementes melhoradas, da água e outros, são importantes mas antes o problema de base
como se fosse o ar para respirar é a ausência de comércio la onde são produzidos alimentos, enquanto não houver comércio, o pro-
dutor apenas colhe o que precisa, porque ele não tem o que comprar, logo não cria reservas que possam usar nos períodos de crise
climatéricas"
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A VOA da America falou ao telefone com o ministro do Comércio e Industria Victor Fernandes que alegou não ter tido contacto com
o relatório, prometeu reagir assim que tivesse o relatorio da sobre crise alimentar, nós tentamos igualmente contactar o ministro
da Agricultura António Assis, não nos respondeu.