O Presidente angolano, João Lourenço, interrompeu as suas férias no domingo, 5, para um encontro que pode ter marcado o início de uma batalha diplomática tendente a resolver eventuais focos de conflitos com a República Democrática do Congo (RDC), na sequência do arresto do património de Isabel dos Santos e do seu esposo, o empresário congolês Sindika Dokolo.
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Em reacção ao frente-a-frente entre Lourenço e o homólogo do país vizinho, Félix Tchisekedi, na província de Benguela, vários alertas apontam para a existência de negócios que os congoleses quererão preservar, ainda que provenientes do saque de fundos públicos em Angola.
Num comunicado de 10 pontos, a Casa Civil do Presidente angolano diz que o encontro passou em revista o dossier sobre a Zona de Interesse Comum (ZIC) de exploração petrolífera, tendo deliberado a necessidade de um cronograma para a implementação do projecto comum.
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O ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, deu voz ao comunicado distribuído à imprensa.
"Os Chefes de Estado aproveitaram também a ocasião para analisar as consequências da decisão do Tribunal Provincial de Luanda, de 30 de Dezembro de 2019”, afirmou o chefe da diplomacia angolana.
João Lourenço enfatizou, no entanto, o respeito ao princípio da observância da separação de poderes e assegura que o Executivo angolano não interfere na acção da Justiça.
O analista político José Cabral Sande realça não ser bom para Angola o confronto com Sindika Dokolo, um dos três requeridos na decisão, na medida em que os seus privilégios ajudaram a erguer projectos comuns, com destaque para um porto mineiro.
‘’Não é bom para nós arranjar um problema tão grande como o que se está a fazer com Sindika. Nós, africanos, somos muito paternalistas, e as pessoas que não se esqueçam que a RDC também tem muitos investimentos que ele obteve de forma privilegiada. Portanto, eles, os compadres, vão tentar evitar que as relações diplomáticas venham a ser minadas’’, aponta o analista.
Veja Também Isabel dos Santos: "há um ataque político, há uma agenda política" interna no MPLADe acordo com a nota da Casa Civil, o Presidente João Lourenço apelou à cooperação internacional na luta contra a corrupção e enfatizou o respeito pelo princípio da separação de poderes.
No encontro, os dois estadistas consideraram que, passado um ano da lei que permite o repatriamento livre de capitais levados para o exterior, o Estado angolano tem toda a legitimidade de accionar os meios legais, judiciais, diplomáticos e outros que julgar necessários, para defender os interesses do país.
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